quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Frases...

Esta é boa, ouvi-a esta tarde e fartei-me de rir:

"Agarra-te ao pincel que eu vou tirar a escada."

Dá que pensar, não dá?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Mais uma grande citação!


"Depois do 'Querido, Mudei a Casa!', é preciso vir alguém que tenha visão estratégica e uma postura determinada para lhe dar utilidade."

Anónimo, algures no Barreiro, ontem à tarde.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Uma semana depois...


Passada uma semana da apresentação do Plano Mateus para o Barreiro tive tempo para reflectir sobre o que foi exposto no Auditório Augusto Cabrita. Estive atento a tudo o que foi dito e hoje confesso que esperava mais. Esperava mais pormenorização por parte dos autores do plano e esperava mais objectividade por parte do Presidente da Câmara Municipal do Barreiro.

À parte da descoberta que todos fizémos e que não vi reflectida na comunicação social, de que o novo plano para o Quimiparque permite ainda mais urbanização que o anterior Masterplan, ao prever uma zona mista de indústria ligeira, serviços e habitação, o conceito que se apresentou pouco varia do plano anterior. Na minha insignificante opinião, o novo plano não resolve eficazmente a previsível divisão do Barreiro em quatro que a nova ponte vai provocar. Perguntei-me se algumas abelhinhas teriam ido zumbir aos ouvidos dos autores do plano notícias das intenções do Governo relativamente à ponte e eles estariam apenas a apresentar um plano que já conta com a não construção da ponte. Parece-me exótico que uma personalidade da estatura do Prof. Augusto Mateus venha dizer que para o plano que está a apresentar é indiferente que se faça, ou não, a ponte. Fiquei aterrorizado com a consideração de que a quantidade de terreno necessária para a construção das oficinas ferroviárias corresponde a noventa por cento dos terrenos que a CP possui no Barreiro, e com a implicação de que a necessidade que o Barreiro tem desses terrenos para produzir o seu desenvolvimento inviabiliza a construção de tal estrutura. Em suma, a leitura que fiz do plano diz-me que os autores não acreditam que a ponte venha para o Barreiro, ou se vier, não acreditam na implantação no Barreiro das famosas oficinas para o TGV.

A visão de criar no Barreiro um espelho do Terreiro do Paço com uma grande praça marítima não me pareceu grande novidade mas pareceu servir para desviar a atenção do essencial, que é a relativa superficialidade do plano e a falta efectiva de concretização de algumas ideias chave que espero estarem reflectidas na documentação que penso ter sido entregue ao Presidente da Câmara. Estou com isto a pensar na forma de conciliar, em tão pouco espaço a quantidade de estruturas que se apregoaram na apresentação, (a praça monumental, a estação multimodal, a ponte, a grande central logística e uma volumosa nova área urbana), com as redes viárias de que depende a sua instalação e eficaz funcionamento, mas podemos sempre colocar as coisas por camadas. É que não me consigo esquecer de como é a entrada no Barreiro pela via rápida às sete da tarde e cheira-me que será muito difícil conciliar o triplo do trânsito actual com as exigências de mobilidade que uma grande central logística exige. A ideia, no geral, pareceu-me boa, aliás, quem sou eu para duvidar da clarividência do Prof. Augusto Mateus? O que me pareceu é que um plano que se baseia em dados vagos e imprecisos dificilmente fará uma boa ferramenta de trabalho. Mas sempre é melhor que nada, noutros tempos dividiu-se a África a régua e esquadro e quase que resultava.

Quanto ao discurso do Sr. Presidente da Câmara, fiquei sem perceber se tem uma ideia do que quer para o Barreiro ou não e até estranhei ouvi-lo a repetir de forma quase mimética o discurso que tanto criticou ao seu antecessor. Fiquei sem saber se tinha reparado que uma das necessidades identificadas no plano era a ponte rodoviária para o Seixal, ligando-nos a uma zona que, aliás, se encontra em franca explosão demográfica e que outra delas era a necessidade da recuperação e consolidação do núcleo histórico do Barreiro. Fiquei sem saber o que é que o Presidente Carlos Humberto de Carvalho pensa sobre a articulação da nova centralidade que se está a desenvolver em Coina com o desenvolvimento pretendido, em termos viários, para a zona do Quimiparque. É que não consigo deixar de pensar que o Barreiro não pode ser visto de acordo com a quinta em que se está, tem de ser visto no seu todo e, para isso, o Plano que foi apresentado não me deu respostas. Não podemos ver o nosso território por fatias, por maiores que estas sejam. Resta-me a esperança de que o plano ainda venha a ser colocado em discussão pública e que os cidadãos se possam pronunciar sobre o que, de facto gostariam que o Barreiro fosse no futuro. O debate sobre o destino da nossa terra inclui, inevitavelmente, a discussão sobre o Quimiparque, é essencial que se abra mais este dossier à participação dos cidadãos.

domingo, 7 de outubro de 2007

É uma questão de tempo...


É de ficar de olhos em bico.

A quantidade de crianças orientais com capacidade para tocar piano a um nível profissional é qualquer coisa de extraordinário.

A quantidade não trás a qualidade por si só, mas ajuda muito.

É por isso que mais tarde ou mais cedo eles vão dominar o mundo.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Bora lá fazer a luta!



Hoje que se comemora a implantação da República e que o o Presidente Cavaco Silva se debruçou tão eloquentemente sobre o tema da educação, nenhum registo televisivo me parece mais apropriado que este do Durão Burroso.

Camaradas, bora lá fazer a luta!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Passei a aceitar comentários!

Pois é, a pedido de várias famílias passei a aceitar comentários aos posts deste blogue. Vão ser convenientemente censurados para que não apareçam os engraçadinhos do costume a abandalhar este espaço, que pretende parecer sério.

Aviso desde já os amigos que queiram elogiar fartamente o autor que os comentários nesse sentido, provavelmente, não serão publicados, pedimos que se limitem a comentar os assuntos expostos, de forma trágica ou cómica, mas sempre com sentido crítico.

Um abraço a todos,

o Autor

sábado, 29 de setembro de 2007

Reflexão em Dó Maior


Sábado à noite. Chove lá fora. Não me apetece ir ao Be Jazz e, por isso, fico em casa a procurar no meio dos dê-vê-dês, um que ainda não tenha visto. Encontro o "Diana Krall live in Paris". Abro uma Carlsberg e sento-me no sofá. Ordeno ao aparelho que comece a tocar. Vou-me apercebendo a pouco e pouco que tinha um tesouro perdido no meio do monte de discos que ocupa o lado esquerdo da televisão. Há tesouros que andam perdidos até que um dia de chuva nos dá motivo para os procurarmos.

A música ajuda-me a abstrair-me e a colocar as ideias em ordem. Há uma coerência matemática que apenas se pode encontrar na música e que ajuda a sintonizar o aparelho complexo a que chamamos cérebro. Dou por mim a relembrar os momentos da semana, a associar pequenos pormenores que, na altura, não me pareceram importantes. Começo a refazer a imagem mental de certos eventos e da sua importância na ordem das coisas. Acabo por decifrar a lógica das acções e dos planos de algumas pessoas que conheço bem e de outras que conheço assim-assim. Verifico lentamente a relação das coisas e apercebo-me das intenções deste e daquele, dos planos de fulano e de sicrano, dos objectivos misteriosos de A e de B. Chega-me a sensação de que há uma relação oculta entre as acções de certas pessoas que não deviam estar a colaborar, mas afinal, seguem um mesmo desígnio que no final, levará a que os objectivos de ambos se cumpram como combinado antes de uma separação aparentemente brutal, mas que, por falta de testemunhas à excepção dos próprios, parece-me agora como uma peça de Nô: Faces ocultas sob uma camada grossa de maquilhagem que desfilam numa história que obriga aos próprios e a quem os observa a possuir uma heróica quantidade de oriental paciência para perceber o que estão a fazer e entender o significado da farsa.

Chega-me o som da voz límpida e poderosa de uma Diana Canadiana a cantar um Devil May Care delicioso. Aparecem-me imagens de desportos radicais, onde vejo paraquedistas e malabaristas a lançarem-se contra alpinistas e surfistas. Devil may care, penso eu, I got you under my skin, percebo onde queria chegar o amigo com quem estive a falar na quarta-feira, Let's face the music and dance, concluo.

Já tive a oportunidade de ver um espectáculo da Diana Krall em Lisboa. O vídeo digital faz-me voltar à memória os amigos e os amores que tinha antes, nesse dia que já tinha esquecido, busco na memória os actuais. Não mudaram muito, se fizesse uma lista daquele dia e deste, verificaria apenas a diferença de uns poucos nomes. Dou por mim a pensar nos amigos de quem estou afastdo pelo tempo e pela distância e se haverá um dia em que nos reencontraremos a todos, os que cá estão e os que já partiram, em algum universo paralelo. Os paralelos asfixiam a alma, dizia o Manuel João Vieira, e é verdade. Amigos há que partilham a nossa intimidade e depois, na coisa pública, por conveniência de imagem, procuram manter uma certa distância, para que as coisas não pareçam esquisitas aos olhos daqueles que têm de servir, outros, pelo contrário, não sendo amigos, aproximam-se, esperando que na hora de partir o bolo, caia alguma migalha da nossa mesa. Há migalhas que caiem de pára-quedas, outras atiram-se para o chão atadas a uma corda elástica, voltando para cima mesmo antes de cair onde possam ser apanhadas. São as migalhas Bungee, que se parecem muito com cenouras.

All or nothing at all, tudo ou nada, canta a Diana Canadiana. Notting Hill ou Rua Marquês de Pombal, penso eu. Notting Hill, o do filme, fica mesmo ao fim da Portobello Road, e foi nesta rua que, de um pequeno beco, fizeram o cenário para a livraria de que o proprietário é o Hugh Grant. Andei por lá com o meu sobrinho, à procura da coisa, disseram-nos que não estava lá, era só cenário. Assim é. A maior parte das coisas que não são reais parecem, pelo menos uma vez na vida, verdadeiras. Ainda que não existam, parecem ter substância, mas são como as miragens no deserto, só existem porque o calor nos tira a percepção da realidade. Penso que é por isso que não existe pecado do lado de baixo do Equador. East of the Sun, West of the Moon.

Todas as verdades se baseiam na percepção. O mundo é o que dele fazemos. Uma mentira repetida até à exaustão torna-se "A Verdade". Os nossos amigos são a nossa verdade, é disso que me apercebo. Se formos verdadeiros amigos, construímos a nossa própria verdade, quando nos afastamos ela desmorona como um baralho de cartas. A "verdade" é uma ilusão colectiva sustentada por uma comunidade que não duvida de qualquer um dos seus membros.

I don't know enough about you, canta a Diana Canadiana, e, por isso, dou por mim a duvidar e a refazer filmes antigos, com protagonistas que já não existem e a verificar que, de facto, os paralelos asfixiam a alma. Ajudei, em tempos, por amizade, simpatia e dó maior, um grande senhor, dono de um passado glorioso, a sentir-se uma autêntica estrela pop, apesar de o seu brilho já ter passado e não haver forma de voltar atrás para emendar os erros cometidos. Let´s face the music and dance, é a música de bónus do dê-vê-dê. Está tudo à vista na nossa realidade que é composta de verdades que se acumulam em camadas e que a música nos ajuda a suportar e a decifrar, ainda que ninguém nos perceba ou queira aceitar as nossas revelações quando levantamos a ponta do véu.

It´s wonderfull, acabei de ver um Luís Filipe a ser eleito mais ou menos pelo mesmo método que um outro, tempos atrás, e dou por mim a pensar se também este seguirá as pegadas do seu precursor. Pelo menos já apela à união do partido, reparem bem: união do partido. UNIÃO... do ... PARTIDO! Esta frase faz algum sentido? Faz lembrar um anuncio da Carglass, lider na substituição do partido. Convenhamos que, nestas coisas de política, um partido unido, seja por que método fôr: cola, amálgama ou fusão, não deixa de ser um partido remendado, nos dois primeiros casos, ou uma liga com propriedades diferentes dos elementos constituintes, no último caso. Um partido unido é sempre algo de estranho, é como um começo acabado ou uma corrida parada. É que a vida dos partidos também se faz de alternância, aliás, a alternância, como a verdade, também se faz por camadas, e é por isso que tem de haver sempre alguém a ficar de fora.

Os paralelos asfixiam a alma, hoje à tarde vi um Presidente a repetir exactamente o mesmo discurso que criticava no seu antecessor, alternância, digo eu, verdade por camadas, enterra-se a verdade de ontem sob a nova camada de verdade que criamos hoje, mas não faz mal, quem devia levantar a ponta do véu não estava lá, estava entretido a tecer a sua própria verdade noutro lado qualquer. O disco acabou, não tenho paciência para ver o material de bónus, que é o ensaio para o conserto, demora tempo demais. Se fosse coisa rápida talvez perdesse o meu tempo, assim, não sei, talvez seja mais fácil tirar o dê-vê-dê do aparelho e colocar lá outro.

sábado, 22 de setembro de 2007

Inspiração!



Imperdível, este dueto de Caetano Veloso com Lulu Santos. A única coisa permanente é a mudança.Vamos ver o que o amanhã nos reserva.

Eles andem aí... Outras gerações...



"Young hearts be free tonight
Time is on your side
Don't let them put you down
Don't let them push you around
Don't let them ever change your point of view."

O tempo está do meu lado!



Está, não está?

domingo, 16 de setembro de 2007

Encosta-te a mim, de Jorge Palma.



Hoje, lembrei-me de lhes mostrar uma das minhas músicas preferidas. Espero que apreciem.

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver
em nome da terra, no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim

Jorge Palma

domingo, 9 de setembro de 2007

Pensamentos Raros (1)


Hoje estou cheio de ansiedade.

Há dois acontecimentos que me perturbam o espírito.

Primeiro gostava de saber se a família Von Trapp vai concorrer ao novo concurso da SIC, "Família Superstar", depois, estou curioso para saber quem é que o Mamede vai apresentar como candidato à Distrital.

Os paralelos asfixiam a alma...

É que a realidade é muito mais estranha que a ficção e a família Von Trapp existe mesmo.

Grandes Citações (6)

"Isto é um país de Fadistas!"

Pedro Estadão, 9/9/2007, após considerar que a Secção do Lavradio parece ter mais sócios que o Benfica.

sábado, 8 de setembro de 2007

Citação Político-Musical (Mais uma das grandes citações)



"E agora que morreram o Elvis, o Freddie, o Frank e o Luciano, o que é que fazemos? Cantamos nós?"

Pedro Estadão, 8 de Setembro de 2007, algures in Barreiro

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Hoje, estou de luto!



Comecei a minha vida na Rua Futebol Clube Barreirense e uma das primeiras coisas que me lembro é de estar na sala do vizinho de baixo, a ver na televisão a Filarmónica de Berlim, do Karajan, a tocar para a voz do Luciano Pavarotti. Digo-vos que, de uma certa maneira, sem nunca ter chegado a mais que uns metros de distância dele, foi um dos meus melhores melhores amigos. Esteve sempre presente, nos bons e nos maus momentos da minha vida. Uma força da natureza. Uma voz que sempre tem sido capaz de me levar às lágrimas, de me dar força e fazer sonhar.

A noite passada, a referência musical da minha vida partiu para outras paragens e hoje, milhões de pessoas por todo o mundo sentiram a sua ausência. Eu sou um deles, dos que vão sentir a sua falta.

Adeus Luciano. Até Sempre.

domingo, 2 de setembro de 2007

Acabou a Silly Season



A fotografia não é do Leandro & Leonardo nem do Chitãozinho & Chororó, é do dia que para mim, costuma marcar a passagem de mais um ano e o simultâneo fim da silly season, o do meu aniversário.

Um ano mais velho e ainda estou para as curvas, passei uma noite feliz na companhia de grandes amigos e alguma família e acabei a destruir qualquer hipótese de algum dia vir a fazer carreira no campo discográfico. A outra vítima do fotógrafo, (que me deixou com os olhos vermelhos), não é o Tony Carreira, mas até podia ser, àquela hora ninguém conseguia distinguir um do outro. Nuno, não me podes processar porque a fotografia foi tirada num local público.

Trocando as voltas a um provérbio qualquer que anda à volta do tema das mulheres e após alguma inspiração fornecida pelo Dino Soares, diria que "não há maus cantores, há é ouvintes pouco bêbados". Variando um pouco mais pela temática e comentando a actuação de alguns políticos da nossa praça, agora que estamos em plena época das sardinhadas da rentreé, deixo-vos com mais uma grande citação de mim próprio, que é a quinta:

"Não há maus líderes políticos, há é eleitores demasiado sóbrios".

Agora digam-me lá porque é que se faz por aí tanta festa e tanta sardinhada? Só pode ser por isso.

Foi com estas palavras que acabei o dia 31 de Agosto de 2007, em que passei à redonda idade de 34 anos.

Termino esta postagem com os melhores desejos de um bom final de férias e uma boa rentreé para todos os amigos deste blog.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Grandes Citações (4)

A propósito de algumas coisas que se perceberam da última reunião pública de Câmara.

"Nas traseiras da minha casa também não me parece sério, deve fazer muito barulho."

"Estive em Sesimbra na Quarta-Feira mas garanto que não tive nada que ver com a destruição da publicidade da Festa do Avante."


Pedro Estadão, 31/08/2007, em Sesimbra

domingo, 26 de agosto de 2007

Grandes Citações (3)

"Porra, tú até parece que passaste pelo quintal da sede do Barreiro, vai lá, vai!"

Pedro Estadão, Sesimbra, 26/08/2007

sábado, 25 de agosto de 2007

Grandes Citações (2)

Foi mais um grande momento de profundidade filosófica, esta quinta-feira, quando interrompi as minhas férias para ir ao Barreiro. Foi assim:

"Ele há gajos que até saiem baratinhos."

Pedro Estadão, 23/08/2007, no Café "O ZÉ"

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pensamentos Roubados (1)

Ai está o primeiro de muitos pensamentos que tenho vindo a roubar ao longo da minha vida. Apropriei-me deles mas sei onde é que os fui buscar, por isso, seguem acompanhados com o nome da vítima.

"Como o fulano disse, em Itália, durante 30 anos sob os Bórgias, tiveram guerras, terror, assassínios e derramamento de sangue, mas produziram o Miguel Ângelo, o Leonardo da Vinci e a Renascença. Na Suíça tiveram amor fraternal, deu-lhes 500 anos de democracia e paz, e o que é que produziram? O relógio de cuco. Até logo, Holly."

Orson Welles, The Third Man, 1949

sábado, 18 de agosto de 2007

Grandes Citações (1)

Apresento-lhes hoje a primeira de um conjunto de grandes citações passadas pelo crivo da mente deste vosso humilde servo. Garanto-lhes que vale a pena reflectir sobre cada uma delas:

"A mulher de César não precisa ser séria, basta parecer."
Pedro Estadão, 14/08/2007, no Café Pireza

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

I LOVE THE MARQUIS STREET MARKET


A minha actividade preferida é, sem sombra de dúvida, viajar pelo mundo. Já visitei uma conta de Países, cidades e aldeias em quatro continentes e tenho uma teoria: A qualidade de vida e o avanço civilizacional de um povo pode ser avaliada pelos seus mercados. Tive companheiros de viagem com fixação em visitar museus, outros em igrejas e outros em praias, mas, para mim, não há viagem completa sem visitar um souk, que é como os nossos vizinhos islâmicos chamam aos seus mercados de rua. Não deixei de visitar Templos Budistas, Catedrais, Mesquitas e Sinagogas, mas o que me ficou sempre na retina foram as cores e o movimento das pessoas nos mercados de levante. Nos mercados que visitei em todas as minhas viagens pude observar o verdadeiro pulsar dos povos que lá habitavam, foi sempre nos mercados de rua que encontrei o “país real”.

De Londres trouxe uma camisola com a orgulhosa inscrição: I LOVE PORTOBELLO ROAD. Trouxe também de lá a convicção de que era uma coisa daquelas que nos faltava. Mas não passei daí. Uma noite destas encontrei na rua o Cabós Gonçalves que relatava, com o entusiasmo que lhe é reconhecido, a sua ideia para a Rua Marquês de Pombal e a sua intenção de a apresentar na Assembleia Municipal do Barreiro como uma iniciativa de cidadania. Não foi o seu entusiasmo que me contagiou, a verdade é que já tinha enraizada em mim a ideia de que era daquilo que precisávamos. Tornei-me instantaneamente um faccioso do Mercado de Rua Marquês de Pombal.

Passei a fazer publicidade à ideia onde quer que me encontrasse, e passei a deparar-me com toda a espécie de questões e dúvidas, felizmente pude encontrar a resposta a todas elas no blogue que o Cabós criou para promover a sua ideia, o www.mercadomarquezdepombal.blogspot.com, e hoje sou um verdadeiro crente de que a implementação e o desenvolvimento desta ideia é urgente e inevitável.

Se é verdade que a extinção do mercado de levante na Verderena não vai encontrar uma resposta imediata e completa na ideia proposta para a Rua Marquês de Pombal, também é verdade que o tipo de mercado de rua que se propõe constitui uma mudança de paradigma, e nós sabemos que as pessoas levantam todo o tipo de dúvidas e questões sempre que se trata de mudar seja o que for. A questão é que este é o novo paradigma que precisamos e que podemos pôr em prática já hoje e deixá-lo evoluir. O actual mercado de rua é mais parecido com os bazares do Norte de África e do Médio Oriente que com os mercados de rua modulares do Norte da Europa e esta é uma evidência com a qual nos devemos confrontar. Actualmente, as regras de higiene e segurança alimentar e as normas comunitárias que o nosso país implementou não são compatíveis com a continuidade da existência de mercados do tipo do da Verderena, e isso leva-nos a uma situação paradoxal: ou evoluímos ou acabamos com o mercado. Em meu ver, a solução para a evolução passa pela implementação da proposta que o Cabós fez na Assembleia Municipal.

É necessário que o mercado ganhe condições de vária ordem, desde as de higiene e segurança, às condições de trabalho para os feirantes, passando pelo conforto dos visitantes e pela facilidade de verificação de uma série de parâmetros pelas autoridades de saúde pública e policiais, a proposta do Mercado de Rua Marquês de Pombal vai ao encontro de todas estas questões e resolve-as superiormente. A visão de que a implementação da ideia pode ser gradual e tem muito caminho para andar é certeira, parece-me que os Barreirenses não vão perdoar a quem falte a visão política para colocar a ideia em marcha. É fácil, é barato e dá milhões.

Fazendo uma rápida análise das consequências podemos afirmar que a realização do Mercado de Rua Marquês de Pombal nos moldes propostos pelo Cabós Gonçalves iria permitir um número de coisas: primeiro, serviria o propósito de revitalizar o Barreiro Velho; segundo, criaria uma solução, ainda que parcial para o problema dos vendedores do mercado da Verderena; terceiro, criaria no Barreiro um mercado de rua com marca e com elevado potencial turístico; quarto, proporcionaria, em conjunto com o Fórum Barreiro a criação de uma extensa área comercial e de desenvolvimento económico na extensão que separa os dois pólos e que passaria a ser certamente frequentada por um denso trânsito pedonal, pelo menos dois dias por semana; por último, mas não menos importante, poderia ser um instrumento para colocar na nossa cidade um mercado de produtos regionais de uma área que vai de Alcácer do Sal a Alcochete com vértice no Barreiro. Uma ideia destas não pode ser desprezável.

O Mercado de Rua Marquês de Pombal, para mim, faz parte do Barreiro do futuro e pode ser uma âncora do desenvolvimento que queremos para a nossa terra, é por isso que apoio esta proposta do António Cabós Gonçalves incondicionalmente, e farei tudo o que estiver ao meu alcance para promover esta ideia que me parece sólida, séria, e bem estruturada.

O futuro começa hoje. Só falta a vontade política para pôr as coisas a andar. Gostava de poder, um dia destes, dar os parabéns a um Presidente da Câmara Municipal do Barreiro por pôr em prática esta ideia, e gostava de me poder gabar de um dia, ao sair de um avião em qualquer parte do mundo, ver um estrangeiro qualquer com uma t-shirt a dizer “I LOVE THE MARQUIS STREET MARKET”.

P.S.: Este artigo estava guardado há uma quinzena e prometido a mais de uma dezena de amigos, segue hoje por finalmente ter resolvido o meu problema de acesso à Internet que me afastou da vossa companhia por mais de um mês.

domingo, 22 de julho de 2007

Tanka Ichi

Actividade invisível, cheia da energia do cosmos
Esperando por um veículo transmissor
Esse veículo és tú e sou eu
Tomamos essa energia em nossos corpos
Em todas as nossas células
Expulsamo-la nos nossos actos
Recebemo-la nas suas consequências
É essa a essência da vida
Dar, receber
Agir, reagir
Plantar, colher
Opostos definidos, nascidos de nós
Até ao momento acertado de escolher
Somente sentar-se
Olhar os fenómenos
As coisas invisíveis
Despertar para a verdade cósmica da verdadeira vacuidade
Anulação dos opostos, fim dos conflitos.

Pedro Estadão, 2002

Visão fugaz do amor

Tendo-me sido dado o previlégio de estar na posse de mais um poema do meu amigo Isaurindo Abegão, aqui o deixo, com a certeza de que vos agradará esta visão fugaz do amor.

Poemeto
(dedicado às mulheres de todas as côres, credos e amores)

Em segredo eu te vi, ontem de noite

Estavas em tua alcova, pensativa

Os teus olhos voltados à janela,

inquietos reclamavam por alguém


O prêmio para a tua juventude

buscavas, minha amada. E tu não viste

que como a pomba tímida, minha alma

esvoaçava junto à janela


Isaurindo Abegão
2007

quinta-feira, 19 de julho de 2007

A Joana mudou de casa outra vez!

Coitada da moça, parece que ninguém a quer. Deve ser por falar demais. Houve alguém que não quis publicar esta tira, faltando à promessa que fez à miuda de lhe dar liberdade de expressão. Se o tempo e a vontade do autor permitir que a Joana vá existindo, pode ser que ela fique por cá, pois o dono deste deste blog sabe rir-se de si próprio e até pensa que às vezes, rir é o melhor remédio.


quarta-feira, 18 de julho de 2007

A Poesia também faz o Homem

O meu camarada e amigo Isaurindo Abegão enviou-me um poema de sua autoria que não resisto a publicar. Uma pérola que é uma semente para o pensamento da nossa forma de estar na vida.


Na Cidade da Matança

De ferro e aço, frio e mudo,

Forja um coração, ó homem – e vem!

Vamos à cidade da matança:

E olha com teus próprios olhos,

E toca com tuas próprias mãos

Nas paredes, nas portas, nos postes, nos muros

Em todas as madeiras, nas pedras das ruas,

As manchas de sangue, negras e secas

Com as entranhas de teus irmãos

E erra entre ruínas

Entre paredes destruídas e portas retorcidas,

Entre meias chaminés e fornos destruídos

Através de nuas pedras negras, de tijolos calcinados,

Onde, ontem, o fogo e a acha executaram,

Na boda de sangue, um bailado de fúria;

E arrasta-se através de sótãos, de tetos furados,

E enfia o teu olhar em todos os escuros buracos:

São negras as feridas abertas e mudas,

Que não mais esperam remédio no mundo

Isaurindo Abegão

12.01.2007

terça-feira, 10 de julho de 2007

Considerações sobre o futuro do Partido Socialista no Barreiro

Mais do que uma vez ouvi dizer, nas semanas recentes, que ninguém acredita numa vitória do PS nas eleições para a Câmara Municipal do Barreiro em 2009. Ouvi dizer que, a continuar assim, a CDU vai atingir a maioria absoluta. Não sei que teias da política interna do Partido Socialista têm provocado em alguns militantes essa convicção miserabilista, no entanto, reconheço que interessa a algumas pessoas, como sempre e em todos os grupos, que surja um candidato derrotado das próximas eleições, como se as últimas não tivessem servido de exemplo.

Cada vez que oiço esta teoria digo que não, que ainda há tempo, que vamos ganhar em 2009. Depois dou por mim a pensar porquê e para quê. Não pode ser para alimentar projectos de poder pessoal de quem não se descortinam objectivos, de gente que não quer nada e depois fica com tudo. Temos de ganhar porque temos um projecto melhor que o dos nossos adversários e equipa com capacidade para o pôr em prática. É que a política não se esgota nos actos eleitorais, nem os políticos devem viver exclusivamente para as eleições. A parte mais importante da política começa precisamente no instante que se segue ao acto eleitoral e acaba umas semanas antes das eleições seguintes.

O que fica destes noventa e muito por cento das nossas vidas políticas em que estamos sem eleições são as nossas atitudes e a forma como elas estão relacionadas com o objectivo que devemos perseguir, que é o de melhorar a qualidade de vida dos nossos concidadãos, promovendo um desenvolvimento sustentável dos factores económicos, sociais e culturais, de acordo com os ideais de cada partido e eventualmente, de acordo com o conceito que temos do que deve ser a vida numa sociedade moderna e de progresso.

O Partido Socialista vai ganhar as eleições em 2009 no Barreiro se estiver unido em torno desse objectivo e se for capaz de criar três condições elementares para atingir esse objectivo: Uma liderança eficaz capaz de produzir unicidade de acção e uma coordenação eficaz dos recursos humanos disponíveis; uma reflexão séria e conclusiva sobre o que correu bem e o que correu mal no mandato anterior; e uma atitude de oposição séria, permanente e coerente, intolerante para com os abusos do poder e compreensiva para com as decisões que previsivelmente beneficiam todos os cidadãos da nossa terra.

O Partido Socialista não deve nunca esquecer-se que teve e tem responsabilidades governativas no País e no Barreiro, não pode, por isso, ser a imagem do anti poder, nem da oposição irresponsável e desmemoriada. Esse é o papel que cabe ao Bloco de Esquerda e aos partidos que nunca tiveram responsabilidades autárquicas nem desenvolveram seriamente um trabalho de reflexão e de implementação de um projecto de cidade.

O Partido Socialista tem um projecto para o Barreiro e este projecto está em andamento, e vai ser a CDU a levá-lo à prática, quer goste ou não goste. O Fórum Barreiro, a solução da situação do Mercado Municipal, o Masterplan, as vias estruturantes, o Polis, a reconstrução do Barreiro Velho, tudo isto são projectos que nasceram da visão de cidade moderna e central que o Partido Socialista teve no Barreiro e que deixarão a sua marca na história, quer a CDU queira, quer não queira, está a acabar os nossos projectos, assim como nós tivemos de acabar as obras que nos deixaram em mãos há seis anos atrás.

Não devemos ter a ilusão de que o tempo da vida de uma cidade se pode separar em episódios, e que a sequência das coisas não tem qualquer relação connosco quando a responsabilidade muda de mãos. Nem a CDU deve pensar que os cidadãos e as cidadãs Barreirenses são estúpidos e que não vão dar o devido valor a quem lançou esta cidade no rumo inexorável do progresso, que os obrigou a abrir os olhos para a ideia da “participação e cidadania”, tão adversa ao centralismo democrático.

O Partido Socialista foi castigado nas urnas em 2005 pelos erros que cometeu e não pelo trabalho de progresso que realizou. O povo do Barreiro está à espera que o PS faça a sua auto análise e lhe diga que vai ser capaz de evitar a repetição dos erros e dos excessos do passado para voltar a dar-lhe a vitória eleitoral. É por isto que não acredito quando me dizem que o PS vai perder as próximas eleições. Porque sei que os Barreirenses percebem quem é que abriu os horizontes económicos, sociais e culturais desta cidade e percebem que o Partido Socialista tem um projecto de cidade que está em andamento e em construção. O que falta é o próprio PS perceber isto e não ser dúbio no que toca ao apoio às medidas que lançou nem cair na tentação de fazer oposição a qualquer custo.

Reconheço que é difícil não cair em contradição quando, quem está à frente do Partido Socialista na nossa cidade é, precisamente, quem foi o maior e mais acutilante crítico do trabalho que estava a ser feito pela equipa do Eng.º. Emídio Xavier e não se inibiu de espalhar essas críticas por toda a comunicação social, mas tenho esperança, e a esperança é a última coisa a morrer. Tenho esperança de que o debate sério e honesto sobre as virtudes e os malefícios da gestão municipal da equipa do Eng.º Xavier resolva estas contradições e coloque o Partido Socialista no rumo correcto. É o que eu espero e é o que o povo do Barreiro espera, e é por isso que insisto em não acreditar quando me dizem que nas próximas eleições a CDU vai conquistar a maioria absoluta.

Acredito que a reflexão, por parte do Partido Socialista sobre este tema, é urgente, e é por isso que saio hoje a público com estas considerações. É urgente que o Partido Socialista do Barreiro assuma a obra que fez e a herança que deixou e aja em conformidade com isso. É também urgente que o mesmo Partido Socialista identifique os erros que cometeu e os repudie, para que os possa criticar agora, que a nova gestão os começa a repetir.

Acredito que o Partido Socialista do Barreiro é capaz de se constituir como uma oposição sólida, corajosa e coerente, e é por isso que luto. Acredito que é este o caminho que os militantes do PS do Barreiro e os Barreirenses querem que o Partido Socialista siga. Penso que os Barreirenses querem uma terra de cidadania verdadeiramente participada, virada para o progresso económico e humano e é por isso que não acredito em pessoas que me dizem que não querem nada.

O tempo de tirar o luto chegou ao Partido Socialista do Barreiro. Está na hora de superar os efeitos da derrota passada e começar um novo tempo, de devolução aos Barreirenses da esperança perdida. Para isso, basta começar por um debate que se faz tardar e pela assunção das suas conclusões. Os Barreirenses estão a olhar para o Partido Socialista com desapontamento, está na hora de mostrar que somos capazes de liderar o Barreiro no Séc. XXI. Para isso bastará começar por um debate interno adulto, sério e conclusivo. É por acreditar que este debate é inevitável que sei que o Partido Socialista vai voltar a conquistar a Câmara Municipal do Barreiro em 2009.

Artigo publicado no Jornal Digital "Rostos onLine"

domingo, 3 de junho de 2007

E... O debate aconteceu apesar das tentativas de boicote.

O debate que teria sido promovido pela Fábrica das ideias, acabou por decorrer normalmente e numa sala cheia, apesar da ausência, aliás, já esperada, de três dos elementos do painel de debate.

A reportagem do debate está publicada em maisbarreiro.blogspot.com, onde serão também publicados alguns temas relacionados com o tema em debate.

A Fábrica das Ideias nem chegou a abrir, mas não faz mal, pelo menos ficámos a perceber quem é que se preocupa em debater os problemas do Desporto no Barreiro.

Para mais informações dirija-se ao Mais Barreiro, o blog do movimento por um Barreiro mais positivo.

terça-feira, 8 de maio de 2007

A "Fábrica das Ideias" começa a funcionar a 2 de Junho no Convento da Verderena

A "Fábrica das Ideias" é um grupo de jovens com participação activa na vida política do Barreiro que decidiu juntar-se para reflectir e debater temas diversos dentro de uma perspectiva de futuro, procurando, como o nome indica, extrair, como resultado do debate, novas ideias para a nossa cidade.

O grupo é composto por Pedro Estadão, Pedro Gomes, Helder Menor e José Namora de Andrade, como membros do painel de debate e ainda por Dino Soares e José Pedro Martins no apoio à organização. Cada um de nós tem uma opção partidária definida, no entanto, não estaremos nesta "Fábrica de Ideias" em representação de qualquer partido. As sensibilidades que representamos já se percebem: PS, PSD, PCP e BE. No entanto, os debates que iremos produzir não serão debates partidários. Pretenderão, antes, ser os debates de uma geração que se encontra às portas da maturidade política, e que considera que a construção da nossa cidade deve ser feita com a participação de todos, com respeito mútuo e com a percepção clara de que todas as opiniões são válidas e importantes para a construção do sonho que se chama Barreiro.

Não havendo moderador, as regras do debate são claras:

- O tema é escolhido à vez, por cada um, que tratará de convidar o Orador responsável pela apresentação do tema.
- Inicia-se o debate com o responsável pelo convite a apresentar o convidado;
- O orador convidado fará a sua intervenção;
- Inicia-se uma ronda de intervenções por parte do painel de debate, sendo a ordem previamente determinada por sorteio;
- Dá-se lugar a uma segunda ronda para que o painel de debate se possa confrontar entre si;
- Em seguida, abre-se a intervenção do público, para perguntas ao orador e aos membros da mesa;
- Dá-se lugar a um período de respostas;
- Novo tempo de intervenção do público.
- Termina-se com nova ronda de respostas e apresentação das considerações finais, sendo o orador convidado o último a falar.

O primeiro debate da "Fábrica das Ideias" vai ter lugar no próximo dia 2 de Junho (Sábado), pelas 17h, no Convento da Verderena. Vai ser subordinado ao tema "O Desporto e a Formação para a Cidadania" e o Orador convidado vai ser o Sr. Zeca Macedo, Barreirense, antigo atleta e treinador de Basquetebol de excepção, que é considerado uma figura histórica no nosso País nos meandros daquele desporto.

Não falte, ajude-nos a procurar novos caminhos para o futuro da nossa cidade.
Até à vista,

Pedro Estadão

sábado, 17 de março de 2007

Olha que não Sostrova, olha que não!

Fazer política em verso
Não é grande novidade
É um pensamento disperso
Outro com grande acuidade

Rei das trovas é o Barroso
De quem minha mãe é prima
Chega quase a ser criminoso
Desafiar-me p’ra uma rima

Fizeste-me uma trova
Respondo-te com umas quadras
Ó meu amigo Sostrova
A ver se te desagradas

Foste à bruxa da moda
E falaste com o Cunhal
Digo-te não me incomoda
Ser amigo do Juvenal

Vens com histórias da carochinha
Que p’ra mim não valem nada
Não vou à vossa festinha
Nem que ofereças a entrada

Dizes que a tua vereadora
Afinal ficou contente
Por estar aqui e agora
Na mira da minha gente

Sei que ficou magoada
P’la minha forma de expressão
Foi uma coisa de nada
Sem a menor intenção

Ao contrário do normal
Até fui muito delicado
Não foi nada pessoal
O objectivo atacado

Gosto de ser diferente
Não acredito em batotas
Eu digo pela frente
O que outros dizem nas costas

É nova como figura pública
Caiu no centro das atenções
Se continua a ser pudica
Vai ser ovelha entre leões

Tem que saber distinguir
O político do pessoal
Ás vezes tem que sorrir
E não levar a mal

Dizes recente a memória
Dos edis socialistas
Pergunto: então e a história
Das décadas comunistas?

Farinha do mesmo saco
Diz o povo com razão
Mas tem sempre um fraco
Pela última geração

Esta idade é a nossa
Não nos falte a coragem
Pode ser que a gente possa
Mudar p’ra boa a imagem

Temos que assumir
Muita responsabilidade
Não podemos fugir
À luta pela verdade

A nossa geração
Tem muito que fazer:
Acabar com a corrupção
E distribuir o poder

Por isso não acredito
No que dizes sem pensar
Baseado num mito
Em que queres acreditar

Dizes que és de aço e tijolo
Que não vos derrubo a falar
Mesmo que passe por tolo
Não deixarei de tentar

Sei que não tenho maneira
De te levar à razão
Mas aquilo que me cheira
É que vamos ganhar a eleição

Dizes que constróis o futuro
Com paredes de pedra e cal
Vou derrubar o teu muro
A escrever mesmo que mal

É que eu não vou em cantigas
Nem me assusto com pouco
Não tenho medo de brigas
Falarei até ficar rouco

Não preciso de reunir
Antes de te responder
Pois sei que estou a seguir
A via que deve ser

Diz-me onde está a sondagem
Que vos indica a crescer
Digo-te que isso é bobagem
Já nem na China há de ser

É que os comunas amarelos
Já têm coisas privadas
E ainda havemos de vê-los
Ao Mao de costas voltadas

Hoje acabaram-se os temas
Querias lixar o Estadão
Com meia dúzia de poemas?
Olha que não Sostrova, olha que não!

sexta-feira, 16 de março de 2007

Trovas para o Estadão

Não penses que esta espera,
foi por falta de inspiração
nem aguardei por essa quimera,
em que acreditam os socialistas
que é de Moscovo que vem a orientação
que rege todos os actos comunistas.


Esperei e desesperei,
por um telefonema que não chegou.
ao invés veio um e-mail
que muito me preocupou.
Dizia o e-mail: Sostrova tem cuidado,
com o socialista Pedro Estadão
rapaz muito bem formado
mas anti-comunista de convicção.


Como sabes, caro Estadão
para um comunista pode ser perigoso
responder assim rápido sem tirar a boina,
contra a orientação do KGB que é melindroso
podem até mandar-me para o gulag de Coina.

Esse sitio agreste, tão particularmente gerido
sem outra cultura que não seja a TV.
Em Coina viagens é uma excursãozita
a Fátima já se vê
paga pasme-se então,
pelo executivo da junta com o apoio do catita.

Mas deixemos o caciquistão
e deixemos o regionalismo
que não foi por isso que decidi responder
Nem em Coina o catolicismo
tem assim tanto poder....


Como o Jerónimo não respondia
à minha insistente chamada,
decidi-me por ir à bruxa
para responder à tua missiva “postada”.



No consultório obscuro para mim disse a vidente:
Sostrova está patente
que para responderes ao Estadão
usa lápis e imaginação
e escreve-lhe uma poesia.
Eu respondi: querida vidente
não tenho jeito nem saber
nem acredito que o Estadão
leia com atenção
os versos que eu lhe possa escrever
alem do mais não sei se essa é a orientação
nem era a resposta que eu queria...
Diz lá vidente amiga, se é solução
escrever politica em poesia?

Então, debaixo da mesa de pé de galo
soou um ruído, tipo um estalo
e uma voz cava
vinda de uma sombra branca se elevou e fez ouvir.

A voz assim disse;
-- Sou o fantasma de um secretário geral
e venho dar-te a tua orientação:
responde ao Estadão,
com pena e inspiração
que à poesia ele está habituado.
Pergunta ao poeta Durval
que com versos o tem sensibilizado.
Assim falou o fantasma do Alvaro Cunhal,
que ainda assusta certa cam(b)ada
e que para espanto do pessoal
deixando a vidente consternada
subiu ao céu de forma agitada
assobiando a internacional.



Saí do consultório da bruxa a correr
e entrei na Cova funda e na Bagatela,
comprei três cadernos e com que escrever
e na tasca mamei um bagaço para afinar a goela.


Lembrando a tua carta
à vereadora Regina
devo dizer-te Estadão
que imagino a camarada contente
por despertar na tua gente
tal critica e atenção .

Por ser um exemplo de actuação
que levanta questões e impõe acção,
por mexer com a cultura e património
com o desporto e a educação.
Só por gerir bem o seu pelouro,
e trabalhar que nem um mouro
deu nas vistas à oposição
que remoeu e suspirou,
pensou e repensou
e atribui ao Pedro Estadão
tamanha responsabilidade
de fazer um elogio na inversão
à vereadora tão interveniente no quotidiano da cidade


Carta escrita e publicada
de rápida e expedita maneira
com a ajuda democrata
do jornalista Sousa Pereira.


Pensou o Estadão:
-- Agora que está a tenda armada é que o circo vai arder,
saiu no Rostos e no Bloguestadão
e vamos ver quem vai responder...
Fica assim suspenso o anzol
que algum comuna há-de morder...


E o comuna fui eu,
fui quem pisou na ratoeira mal disfarçada
puxei-te o nylon que cortei
com uma simples dentada
agora tenho a linha e o anzol,
mais o isco e a chumbada.



Mas é preciso dizer, que por ser verdade deve constar,
que gesto fraternal,
de democracia sem igual,
o socialista Estadão
abriu-me do seu blogue o portão
e me deu liberdade de postar.
Antes de postar reuni, como fazemos os comunistas
em vez de ir almoçar ao Palácio que é onde decidem os socialistas
Ouvi as bases numa de participação
e ouvi da história o próprio Cunhal
que me sugeriu uma intervenção
provando ao Pedro Estadão
que o comunismo não morreu nem está mal
mas vive e cresce em Portugal


Agora muito a sério, deixa- que te diga
que das fraquezas fazemos força
e tiramos energia da fadiga.
Os ataques reforçam-nos o aço em que a historia no forjou
porque aos comunistas do Barreiro
não é com cartas nem com paleio
que nos consegues derrubar,
aqui onde nos vês, foi o povo que nos escolheu
Somos um muro de muitos tijolos
alicerçado fundo no povo que é mais que tu e mais que eu.
Sei que a alguns dos teus isso causa azia...
Eles que tomem uma alcaselser ou sais de frutos à colher
porque é com o voto do povo que se faz a democracia,
que não é quando um homem quer
mas sim quando o povo a deseja.


Somos um partido que tem
belas, mestres e monstros
colectivistas e todos ao molho
num imenso maranhal
construímos o futuro dia a dia
com trabalho, querer e alegria
erguemos paredes de pedra e cal.



Quando injustamente acusas
um vereadora comunista
estarás a dar-lhe razão
e reforçar-lhe a fibra para que prossiga e não desista



Fica atento amigo Estadão
quando voltares a falar dos eleitos comunistas
porque a está ainda fresca na memória do cidadão
que recorda com agonia e aversão
como eram os dias em que os vereadores eram socialistas.



quinta-feira, 15 de março de 2007

Resposta ao Helder Menor

Amigo Helder,

Não me reconhecendo, conforme deves imaginar, na abordagem à Jack Estripador que fizeste à minha missiva, vou-te entregar a resposta numa forma que entendo descomprimir o discurso. Dir-te-ei que a segmentação de uma resposta, na forma que usaste revela mais das tuas próprias fraquezas e dos pontos em que te sentiste tocado do que propriamente ataca o discurso e os conceitos patentes na carta que escrevi. E ao revelar as tuas fraquezas, revelas de alguma forma as fraquezas do grupo a que pertences. Aceita portanto o meu comentário de forma pedagógica.

Em primeiro lugar, relativamente às razões que invocaste para comentar a minha carta, deixa-me dizer-te que o facto de a carta ser pública não impede que tenha um destinatário. Admito que, como membro do que afirmas ser um colectivo, te sintas tocado por uma mensagem dirigida a uma tua camarada e, por seres dotado de um voluntarismo e de um espírito cavaleiresco que te reconheço, tenhas acorrido em defesa dela. A defesa que fizeste foi provavelmente prematura pois não curaste de tentar saber a amplitude de publicidade que esta carta pode vir a ter junto da comunicação social, pelo que a tua suposição acerca de debates semi-privados e de razões de ética governativa que impeçam alguém de responder, para mim, não tem qualquer fundamento. Não reconheço essa “ética” a não ser que a traduzas para “instruções do partido”. Achei curiosa a insinuação acerca das expectativas dos munícipes, que sugere que a Vereadora Regina Janeiro está num plano tão elevado que nem se dará ao incómodo de responder a um simples e anónimo munícipe como eu.

Neste particular deixa-me ainda estranhar que consideres haver meios e espaços próprios para a Democracia. Para mim, a Democracia é como o Natal, é quando o homem quiser, e devia ser todos os dias e em todos os lugares.

Reconheço, no entanto, que os vinte anos de argumentação política que temos mantido, te dão o direito de não querer perder esta oportunidade, estavas mortinho por me bater e até convidaste o Jack Estripador para te ajudar.

Em segundo lugar vejo que a minha carta à Vereadora Regina levantou em ti, ou no colectivo em que te inseres, cinco questões: A da capacidade de decisão dos eleitos do PCP, a dos atrasos nos pagamentos aos professores, a do Praiense, a da programação cultural, e a da “Bela e o Mestre”, que era a terceira mas passou para um post-scriptum depois de melhor consideração da tua parte. A subalternização da última indica que quiseste reduzir o seu relevo para não demonstrar a importância que a questão assume para ti. Para a próxima, lembra-te de re-numerar os parágrafos, senão o Estripador pode transformar-se num Hannibal Lecter e come um dos braços do teu discurso, é que aquilo que se vai tornar mais evidente quando olhares para o cadáver é o braço que lhe falta, e toda a gente se vai lançar em sua procura.

Aprecio, relativamente à questão da capacidade de decisão dos eleitos, que eu preferiria designar por autonomia e independência, a tua exposição em breves palavras do complexo sistema de tomada de decisões do Partido Comunista Português, complexidade essa que, em meu ver só é igualada pela do sistema da Igreja Católica. Depois de me dizeres que todos participam na decisão e que há um responsável que a assume, vens-me dizer para ficar descansado relativamente ao poder de decisão da Vereadora Regina apresentando-me a alegoria da vinda do Fidel Castro para a Câmara. Está bem, vou tentar acreditar em ti e vou ficar descansadinho…

Como há muitos anos me recuso a discutir contigo questões de dogma, pois já sei que nesse particular nunca iremos estar de acordo, vou-me abster de comentar o tecido que fazes em torno da justificação ideológica para a presença do Engº. Abreu na Câmara Municipal do Barreiro pois se me agrada ofender-te em privado, recuso-me a fazê-lo em público.

A tua interpretação das minhas palavras como qualquer espécie de elogio ao teu camarada António Abreu é apenas produto da imaginação, mas, de resto, estou habituado a ver todo o género de disparates a nascer da interpretação dos meus escritos, por isso, não importa, a beleza está nos olhos de quem a vê.

A minha referência à “Bela e o Mestre” foi apenas uma imagem metafórica que referi ao afirmar que pelo pouco que conheço da Vereadora Regina Janeiro me custa a acreditar em algumas coisas que me têm dito. Neste ponto, pela forma insinuadora em que o colocaste, não me adiantarei mais.

Relativamente aos professores, afirmas que estamos na base do diz que disse e respondes-me com boatos. Ó Helder, temos que ser sérios: Eu não me atreveria a escrever uma carta destas com base em diz que dizes, o atraso nos pagamentos aos professores foi um facto não foi um boato, assim como foi um facto o atraso dos pagamentos aos funcionários da autarquia, que tu escolheste ignorar na tua resposta, por não te dar jeito. É que eu poderia responder à demagogia das tuas insinuações acerca de posições nada mais nada menos que radicais que o governo do meu partido teria tomado contra os professores com a famosa resposta do “e vocês, que se dizem tão preocupados com os trabalhadores nem se preocupam em desculpar-se publicamente do atraso no pagamento dos ordenados.”

Também reparei que fugiste ao assunto da regulamentação dos apoios ao movimento associativo, o que me perturba de uma forma estranha.

No que diz respeito ao Praiense, vou esperar para ver. Acredito na oposição construtiva, mas não acredito em dar armas ao adversário, portanto, não te direi o que faria se fosse Vereador ou Presidente da Câmara.

O facto de me teres encontrado na Ópera não implica que a programação cultural não seja incerta, desfocada e conta-gotas. Digo-te mais, é tudo isto e é-o em cima do joelho. Concordarás decerto comigo quando te disser que qualquer política cultural só faz sentido se tiver objectivos de longo prazo e se produzir um envolvimento dos agentes criadores de cultura na formação do público e na sensibilização para a procura da cultura. Acredito tanto numa política cultural que apregoa variedade de eventos como numa que apregoe quantidade de espectáculos de fogo de artifício. O que está em causa não é a variedade nem a quantidade dos eventos.

A cultura deve ser encarada como um investimento na evolução de uma população, para isso é tão importante a divulgação, a sensibilização e a formação como são os eventos em si, pois o importante é o resultado a longo prazo em termos de evolução cultural da comunidade. Acredito no Barreiro como emissor-receptor de cultura e não como um simples consumidor de eventos, por mais diversificados que sejam. Portanto, o que eu não vejo na programação cultural da nossa terra é o reflexo de uma política cultura assumida a médio e longo prazo que passe da fase dos eventos para a fase dos nichos geradores de cultura e do apoio sério e efectivo aos agentes de produção cultural a nível local.

Se não te importas, reservo o plano completo para o meu contributo para o programa eleitoral do Partido Socialista para as próximas eleições autárquicas, é que estou desconfiado que vocês andam desorientados e estão à espera que alguém vos dê umas luzes. Por mim, prefiro esperar para ver o que é que vocês vão fazer e dar uma buzinadela sempre que entender que se desviaram demasiado do caminho correcto.

O Partido Socialista é, conforme sabes, um partido de homens e mulheres livres, por isso nada me obriga a identificar-me com a política cultural que foi seguida durante o mandato anterior, até porque não tive qualquer parte no seu desenvolvimento ou aplicação e até discordei publicamente de algumas das opções tomadas e considero que não foi feito um esforço sério de cumprimento do programa eleitoral, mas esse é o problema das organizações partidárias, é que nem sempre têm à sua frente as pessoas que nós gostaríamos que tivessem. Depois, uns podem ter os seus Abreus, outros não, ficam simplesmente à espera do cumprimento do princípio de Peter.

Com esta me fico.

Um abraço amigo do,

Pedro Estadão

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ena! Tive uma resposta.

Como é impossível postar comentários neste blog, o meu amigo Helder Menor deu-se ao trabalho de me enviar um e-mail com o seu comentário pessoal à carta aberta de ontem. Agradeço-lhe a forma civil e elevada com que me responde e publico-a aqui por considerar que o respeito que o Helder me merece após duas décadas de debate político, quase sempre em campos opostos, é suficiente para que possa quebrar a lógica deste blog.

Acabei por convidá-lo a ser participante, temporariamente, deste espaço, para que possamos dialogar de forma mais aprofundada sobre o tema em questão.

Segue-se a resposta:

Caro Pedro,

Venho comentar esta tua carta por uma mão cheia
de razões:
1º porque sendo uma carta aberta, e por isso
publica, acho que tendo tomado conhecimento da
mesma estou no direito de a comentar.
2º porque não sendo dirigida a mim, mas sim a um
eleito do meu partido, e tendo eu votado na
equipe CDU, sinto-me por isso também responsável
pela politica dos eleitos e neste sentido acho
que tenho o direito e o dever de te responder.
3º porque estou convicto que a Vereadora Regina,
estando atenta às expectativas dos munícipes, por
razões que se prendem com a ética governativa,
está impedida de te responder e de iniciar assim
debates semi-privados em blogues uma vez que
existem os meios e espaços próprios que a
democracia prevê para estes debates( assembleia
municipal, reuniões de participação, etc)
4º Porque acho que mereces resposta uma vez que
levantas preocupações que se prendem com a vida
da nossa cidade
5º Porque nos conhecemos há mais de 20 anos e há
20 anos discutimos ideologia e politica concreta,
e eu não quero perder esta oportunidade!!!

Sendo assim, e tal como dizia o Jack Estripador,
vamos por partes:

1ª questão
O PCP, o António Abreu e a capacidade de decisão
dos eleitos.
O PCP é um partido colectivista. Isto é, as
decisões tomadas pelo PCP são decisões pensadas e
ponderadas em colectivo. Nós comunistas somos
colectivistas porque estamos convictos que
várias cabeças pensam melhor do que uma. Mas não
assumas esta ideia numa simples lógica matemática
de de soma de neurónios. Acima de tudo, e
porque o marxismo prossegue com o pensamento de
Hegel, acreditamos que “o absoluto é mais do que
a soma das partes”. Na pratica, acreditamos que a
soma das experiências e do conhecimento de todos
os intervenientes num processo pode ser uma mais
valia na dialéctica que leva a uma decisão. O
responsável do colectivo toma a decisão baseada
nessa dialéctica. Independentemente do numero dos
elementos no colectivo, o responsável por esse
colectivo, enquanto comunista, assume na
totalidade a decisão tomada.
Venho para aqui com esta conversa de filosofias
para te dizer que não deves ficar apreensivo pelo
poder de decisão da vereadora. Mesmo que a
Vereadora Regina, conseguisse trazer o próprio
Fidel Castro (com a sua equipe de médicos
agregada) para trabalhar na câmara do Barreiro,
as suas decisões seriam sempre as suas decisões.
As decisões dos eleitos comunistas são tomadas
em função do interesse do barreiro e das
populações, visto que é esse o objectivo que
motiva a sua gestão.
Como disse um camarada meu “o melhor para o
Barreiro é por consequência o melhor para o PCP
porque só com uma gestão autárquica de
excelência valorizamos o trabalho dos eleitos
comunistas”.
Os comunistas eleitos partilham desta convicção.
Claro que no teu discurso está implícito uma
natural admiração pela personalidade, pelo
carisma e pela capacidade de influencia do
camarada António Abreu. Estamos de acordo nesse
ponto e fico contente de reconheceres essas
qualidades num politico comunista.

2ª questão
Atrasos nos pagamentos dos professores.
Estamos na base do diz que disse. Nem tu, nem eu
trabalhamos na Câmara Municipal do Barreiro por
isso a informação que nos chega é sempre através
de terceiros. Mesmo nessa base acho que vale a
pena conversar.
Então vamos lá:
Disseram-me que os atrasos nos pagamentos, se
devem a um problema conjuntural e que tem haver
com o sistema informático. Parece que houve um
reajustamento do software e em consequência disso
tem havido alguns atrasos no dia de pagamento.
Também já ouvi o boato que diz que este tipo de
problemas se devem a um certo boicote que
elementos ligados à antiga gestão autárquica e
organizados na célula dos trabalhadores
socialistas da autarquia estarão a fazer para
dificultar o trabalho da câmara. Não acredito
neste boato.
Acredito que na explicação do problema de
software.
Até porque os eleitos CDU, sabem que existe uma
oposição atenta e interveniente no Barreiro e que
tudo aquilo que correr menos bem pode ser usado
contra eles. Quanto a mim, ainda bem que existe
esta pressão pois melhora e estimula o desempenho
dos autarcas.
Agradavelmente surpreendido fiquei com a tua
preocupação em relação aos professores.
E digo agradavelmente, porque acredito que possa
ser uma tendência emergente dentro de alguns
sectores mais intervenientes do PS esta
preocupação com a classe docente tão mal tratada
pelo governo Sócrates nos últimos dois anos. Fico
sinceramente contente por perceber nos
socialistas o despontar destas preocupações em
antevejo já um recuo nas posições mais radicais
contra os professores que o governo do teu
partido tem tomado.

4º O nosso Praiense
Estamos por certo de acordo em que o edifício do
Praiense é um marco no património erigido da
nossa cidade.
Quando tu dizes que a câmara do Barreiro comprou
o Praiense, e estou a receber de ti a noticia,
não deixo de ficar satisfeito. Primeiro porque é
uma prova que a recuperação do Barreiro velho já
mexe, depois porque acho que é urgente a
recuperação do edifício do Praiense.
Estes são os factos.
Dizeres que esperas que não aconteça isto, aquilo
e aqueloutro, fazendo insinuações e projectando
ideias num futuro mais ou menos próximo,
parece-me não tem grande base de sustentação.
Objectivamente ao fazeres essas previsões,
estás, vais-me desculpar Pedro, a ser demagogo.
Vamos cingir-nos aos factos: o que aconteceu foi
a câmara tomar a iniciativa de proteger o
património, comprou o edifico, vai recupera-lo e
vai arranjar uma sede para o Praiense.
Se fosses vereador ou presidente da câmara, como
é que tu farias???

5ºA programação cultural
Dizes que a programação cultural é incerta
desfocada e a conta-gotas.
Estranho que o digas Pedro. Uma das ultimas vezes
que estivemos juntos foi no AMAC para assistir a
um espectáculo de opera. Depois da opera passaram
dois espectáculos de musica popular portuguesa,
duas representações teatrais, três orquestras
sinfónicas, um grupo de jazz filandes, dois
ateliers para crianças e inauguraram-se três
novas exposições. Estou a falar-te do espaço de
um mês e meio. Março é o mês do teatro e tens
espectáculos a acontecer por todo o concelho.
Não me parece incerta nem a conta gotas.
Desfocada, pode ser entendida na medida em que
claramente se tem apostado na diversidade dos
eventos para atingir públicos diferentes. Esta
tendência é uma opção de gestão com a qual tens o
direito de discordar.
De qualquer modo, e esperando a tua posta sobre a
programação da cultura, devo dizer-te que vejo
com muito agrado esta tua preocupação. Não que me
surpreendas, pois a nível pessoal sempre te
conheci um homem preocupado com as questões de
cultura. Vejo com agrado porque pode querer dizer
que os socialistas começam a preocupar-se com a
cultura. Caso isso esteja a acontecer pode ser
uma janela aberta de boas perspectivas para todos
nós, uma vez que no passado recente desta terra
recordamos todos uma lamentável gestão socialista
em que a cultura foi completamente menosprezada.
Ao um nível nacional o governo do PS estrangulou
completamente o ministério da cultura passando
para os privados a responsabilidade na produção
cultural. Talvez esta tua preocupação queira
dizer uma mudança de atitude do PS em relação à
cultura. Fico contente.


PS – Na tua posta, usas uma expressão que pode
dar origem a mal entendidos: “ A bela e o
mestre”. A meu ver é uma expressão que pode
induzir em erro. Pelo menos quem te não conhece.
Um leitor mais desatento ia pensar que partilhas
daquele preconceito retrógrado que associa as
mulheres bonitas a uma certa futilidade e mesmo à
ausência de inteligência.
Ambos sabemos que não foi isso que querias dizer,
pois para provar o contrário, nem sequer
precisamos de falar na vereadora Regina. Na tua
vida pessoal sempre conheci mulheres bonitas e
inteligentes, por isso sei que o preconceito não
é teu.

Abraço

Sostrova

Helder Miguel Menor

terça-feira, 13 de março de 2007

Carta aberta à Vereadora Regina Janeiro

Exma. Sra. Vereadora Regina Janeiro,

Perguntará Vossa Excelência que motivos tem este cidadão para se dirigir assim a si, através de uma carta aberta, e com alguma razão, pois é uma forma de intervenção pública muito mais directa que um simples artigo, identificando objectivamente o destinatário do escrito.

Pesei durante algum tempo as diversas formas de abordar os assuntos que hoje levo à sua atenção e decidi que não seria elegante da minha parte começar a criticar a sua acção como autarca antes de, previamente, a alertar para alguns assuntos que me preocupam e que me levarão a discordar frontalmente das suas decisões políticas se os casos em questão persistirem.

Conforme sabe, tenho por si alguma estima e admiração, o que me leva a dar-lhe o benefício da dúvida, presumindo que não terá ainda encontrado o tempo necessário para se debruçar sobre todos os aspectos da governação da imensa área que tem sob sua alçada na Câmara Municipal do Barreiro, este motivo, aliado ao facto de a minhas preocupações fundamentais serem o Barreiro e os Barreirenses, obrigam-me a moderar-me e a avisá-la de algumas coisas que estarão a correr menos bem, em vez de me lançar numa atitude de crítica destrutiva, apesar das nossas diferenças, acredito que ambos queremos o melhor para o Barreiro.

Em primeiro lugar, permita-me expressar a minha apreensão relativamente ao facto de lhe ter sido nomeado um secretário tão influente no seu partido como é o Engº. Abreu, que me deixa com dúvidas sobre a verdadeira extensão da sua capacidade de decidir sobre as áreas que lhe foram atribuídas pelo Sr. Presidente da Câmara. A inteligência e perspicácia que lhe pude adivinhar nas breves conversas que temos tido afasta de mim a ideia de que poderíamos estar perante o transporte para a edilidade do conceito do novel concurso “a Bela e o Mestre”, no entanto, os rumores que me têm chegado preocupam-me, pois têm-me levado a crer que a população barreirense teria eleito uma autarca que afinal de contas deve obediência não aos eleitores mas a um qualquer superior hierárquico dentro do seu partido, fazendo de testa de ferro para a governação por parte de outrem, que não terá sido eleito.

Em segundo lugar preocupam-me coisas triviais como os atrasos nos pagamentos aos professores que leccionam as actividades de enriquecimento cultural no 1º Ciclo das nossas escolas, e a preocupação é ainda mais séria porque me dizem que o Ministério da Educação transferiu a tempo e horas a verba que teria permitido o pagamento atempado aos professores de música, actividades desportivas, teatro e artes plásticas das nossas escolas primárias. Mas, Sra. Vereadora, neste capítulo, outro aspecto me preocupa ainda mais, é que os professores parece que não são todos iguais e parece que há uns que estão contratados directamente pela Câmara, dizem que são os de Inglês, e há outros que são subcontratados através de associações sócio-profissionais ou culturais. Neste aspecto parece ainda que há uma actividade no pré-escolar que é a da patinagem, que me dizem, não sei se é verdade, que é custeada pelos pais das crianças que a frequentam e cujos professores também não viram o seu ganha-pão a tempo e horas.

Não me desviando do assunto, aproveito para lhe pedir que faça chegar ao Sr. Presidente da Câmara, com o qual presumo que reúna frequentemente, a minha estranheza relativa ao facto de, pela primeira vez em trinta anos, os funcionários da Câmara Municipal do Barreiro não terem todos visto o seu ordenado pago a tempo e horas.

Sei que esta carta já vai longa, pelo que vou tentar abreviar ainda mais a minha exposição. Dizem-me que a Câmara Municipal terá adquirido recentemente o imóvel onde tem funcionado o “Praiense”, o antigo Café Barreiro, e que pretende remover este histórico clube da nossa cidade para um espaço menos digno da sua história. Não conseguindo antever qual o destino que pretendem dar a esse espaço e prevendo tentações de trocar uma colectividade viva por mais um museu de coisas mortas que ainda por cima pode vir, à semelhança de outros espaços da nossa cidade, a não ter um horário que seja compatível com a disponibilidade dos utentes. Também me incomoda pensar que se pode dali tirar o “Praiense” para depois se dar, no mesmo espaço, uma concessão para que alguém possa explorar o bar do não-sei-o-quê que lá vai ficar, à laia de pirataria da única fonte de recursos daquela associação. Como presumo que partilha as minhas preocupações neste capítulo, dormirei descansado por pensar que o “Praiense” não vai mudar de sede.

Tenho muito mais preocupações para partilhar consigo, particularmente no que diz respeito ao conceito que está a ser aplicado na programação cultural na nossa cidade, que parece incerta, desfocada e a conta-gotas, mas esse assunto, deixarei para um outro dia, pois é um tema que já não caberia aqui. Não deixarei ainda de estar atento à regulamentação dos apoios ao movimento associativo que penso já estar em marcha e que acredito ser o instrumento essencial para o estabelecimento de uma estratégia integrada para o movimento associativo no Barreiro, observarei até que ponto Vossa Excelência saberá tomar partido dele em favor de todos os barreirenses. Peço-lhe que não sofra as tentações do passado de dar a uns para tirar aos outros.

Penso que para uma primeira carta, já é suficiente, espero não ter abusado da sua paciência.

Despeço-me com os protestos de elevada estima e consideração,

Pedro Estadão

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Poesia III - Os Pontos Cardeais

Este é um dos escritos de uma série que pensei em 1999, vou deixá-los aqui como testemunho da visão do mundo que me dominava nessa época de fim de milénio, este é o primeiro da série.

De Poente

Cristo redentor abre os braços
sobre a favela onde vivo,
convivo,
sobrevivo,
esquivo.
Onde minha vida não tem traços,
numa favela escondida,
esquecida,
perdida,
mal vivida.
Onde se mostram meus fracassos,
numa lânguidez banal,
triunfal,
original,
no Carnaval.
Onde se esquecem meus falhanços,
numa alegria postiça,
castiça,
mestiça,
movediça.
Que repito em meus Domingos mansos,
quando me agarro ao lençol,
ao futebol,
à feijoada,
e ao alcoól.

Pedro Estadão,1999

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Poesia II

Voltando aos caderninhos de poemas, encontrei o dos textos orientais, são bastantes, da época em que praticava artes marciais e quase dei por mim convertido ao budismo, afinal de contas foram quase duas décadas, entre Judo e Karate. A filosofia Zen despertou-me na altura um interesse invulgar, que se acabou por converter numa série de poemas de estilo oriental, à laia de Samurai. Seguem-se alguns deles:

Haicai Ichi

Sensação, percepção, pensamento, actividade, consciência
Verdadeiros passos da beleza, harmonia do corpo
Despertar para a verdade cósmica

Haicai Ni

Harmonia é pensar sem pensar
Como as pedras que rolam pelo caminho
Esperando o equilíbrio das forças

Haicai San

Concentração é agir sem agir
Reflectir a motricidade do corpo e da mente
Juntando coração, alma, espírito e intuição


Haicai Shi

O caminho, mais alta verdade
Da minha alma para a tua alma,
Sente-se, mas não se vê

Haicai Go

É assim, o reservatório da consciência.
Consciência pura vem de dentro de ti,
Fonte da consciência espiritual e religiosa

Pedro Estadão
1997

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Ainda hei de ser um bufo

Hoje abri o Diário Digital e fui confrontado com duas notícias que me alarmaram, numa dava-se conta de que o Juiz Helder Fráguas tinha sido suspenso por alegadamente ter escrito num blog "linguagem obscena e imprópria", na outra, fiquei a saber que graças à Fundação para a Computação Científica Portuguesa, "Portugal terá um site para denunciar conteúdos ilegais".

Fiquei em estado de choque.

Em primeiro lugar porque sou um dos leitores regulares das contribuições cibernáuticas do Meretíssimo Juiz Helder Fráguas, nas quais, devo dizer, nunca encontrei nada para além de uma cuidada utilização da linguagem por forma a descrever alguns casos curiosos que vão perpassando pela justiça portuguesa. Nunca li nos espaços geridos por este senhor, nada que se assemelhasse a conteúdos obscenos ou impróprios da sua condição de magistrado. E acreditem em mim, porque de conteúdos obscenos e impróprios percebo tanto como qualquer cidadão deste país que tenha já pegado no jornal "Tal&Qual" ou assistido a algumas peças jornalísticas que passam na televisão pública.

Em segundo lugar porque as duas notícias, associadas à moda que anda a percorrer a comunicação social de culpar a internet de todos os males do mundo, da bulimia à transmissão de imagens chocantes, passando por todo o tipo de desvios da juventude para toda a espécie de perversões, me fizeram lembrar uma coisa. E essa coisa só tem um nome, CENSURA.

Ao de leve pensei que isto poderia ser causado pelo receio que os patrões dos média têm da internet e dos prejuízos que este instrumento causa ao seu negócio e às suas influências. Depois, pensei no que teria acontecido no tempo do escândalo Taveira se já houvesse internet, teriam conseguido abafar as coisas como fizeram na altura?

Várias reflexões me assaltaram, até o facto de, na mesma notícia em que li a história do Juiz Fráguas, vir um parágrafo mais abaixo, do qual ninguém falou na TSF quando deram a notícia às 8 da manhã, todos entusiasmados. No parágrafo abaixo vinha o nome de um outro Juiz, muito mais mediático, o Juiz Rui Rangel, que vou passar a transcrever.

"O órgão de gestão e disciplina dos juízes deliberou ainda por maioria instaurar um processo disciplinar ao juiz desembargador Rui Rangel devido a um artigo publicado num jornal diário relativo ao «caso Esmeralda», relacionado com a disputa do poder paternal de uma criança de 5 anos que envolve o militar Luís Gomes e o pai biológico.

Este inquérito disciplinar a Rui Rangel destina-se a apurar se este juiz desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa violou ou não o «dever de reserva» que deriva do estatuto dos magistrados e os impede de comentar processos judiciais em concreto.

Segundo a mesma fonte, a decisão de abrir um inquérito disciplinara Rui Rangel não foi pacífico no seio do CSM, levando a uma discussão sobre os limites impostos pelo dever de reserva.

A fonte acrescentou que o assunto revelou-se particularmente sensível tanto mais que o antigo ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, que é vogal do CSM, fez alguns comentários públicos sobre o «caso Esmeralda», embora dizendo sempre não se querer alongar."

O mais estranho deste caso é que a notícia sobre o Juíz Fráguas, que é muito menos conhecido que o Juíz Desembargador Rangel, vinha em destaque, e ainda por cima num parágrafo cheio de dados errados, como se tivesse sido atamancada à última da hora para esconder o que vinha por baixo. Por exemplo, referia que Fráguas é Juíz no Tribunal do Barreiro, o que sabemos ser errado. A mesma notícia foi corrigida, também de modo atamancado, com erros ortográficos e tudo, esta madrugada, cerca das 3 da manhã.

Não quero com isto insinuar que a história do Juíz Fráguas tenha sido usada como cortina de fumo para esconder o incómodo que a notícia muito mais ponderosa sobre o Juíz Rangel teria causado ao próprio, ao Conselho Superior de Magistratura e até a alguns patrões da Comunicação Social. Mas é o que parece.

Fui um pouco mais longe e telefonei a um amigo que me afiançou que no despacho que suspendia preventivamente o Juiz Fráguas, não vinha qualquer menção a obscenidades, apenas a linguagem excessiva. Digam-me lá os senhores como é que se descreve um crime violento sem usar linguagem escessiva, sabem? Eu também não. Mas também me afiançou que o caso do Juíz Fráguas já tinha para ai uma semana e não havia razão nenhuma para sair hoje nas primeiras páginas. Se estou aqui a quebrar algum segredo de justiça, asseguro-vos que é sem intenção, apenas ouvi dizer, não li autos nem processos, já nem me lembro a quem é que telefonei.

Mas a notícia do tal site especializado na segurança online continuava a perturbar-me. Dizem-me que a partir de Maio, vamos ter um site onde poderemos denunciar conteúdos ilegais na Internet. De acordo com o masmo diário:

"No site a ser criado, «jovens e adultos vão poder denunciar conteúdos pedófilos, de violência extrema ou xenófobos, e outros que alegadamente constituam crimes públicos», disse à agência Lusa Lino Santos, da direcção técnica da FCCN."

O que me perturbou foi aquele "outros que alegadamente constituem crimes públicos", porque não estou a ver bem o que é, mas cheira-me a que alguém vai poder controlar o que podemos ou não dizer na internet, e isso preocupa-me, porque eu gosto particularmente de dizer o que me apetece, desde que tenha o devido fundamento.

E crimes públicos pode muito bem ser a emissão de obscenidades verbais num espaço de acesso público, como é o caso da internet, e com as conclusões que tirei da história acima, percebi que o conceito de obscenidade ou linguagem excessiva pode ser muito abstrato.

Mas fiquei a saber mais:

"«As denúncias feitas no site vão primeiro ser tratadas junto de operadores especializados - que farão uma primeira triagem - para verificar se realmente se trata de conteúdos ilegais e determinar a origem do conteúdo», adiantou o especialista.

«Se os conteúdos ilegais forem portugueses, a denúncia será comunicada de imediato às autoridades nacionais. Se os conteúdos forem oriundos, por exemplo, de um servidor na Alemanha, a hotline portuguesa [que está ligada à rede europeia] contacta a rede alemã para que esta faça a denúncia às autoridades daquele país», acrescentou."

E comecei a lembrar-me de um livro absolutamente kafkiano da autoria de João Aguiar, que se chama "O Jardim das Delícias", que conta a história de uma Europa onde já não existe liberdade de informação, um 1984 dos nossos dias e à portuguesa, que vale a pena ler. (João, tinhas razão).

Quer dizer, se eles estão disponíveis para receber queixas, alguém vai ter de se queixar. O que pensei, cá para mim, deixou-me descansadinho:

-Não faz mal, se pagarem bem, ainda hei de ser um bufo!


Pedro Estadão

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Poemas

De quando em quando, mergulho nos meus cadernos de poemas e vou lá encontrar coisas que me fazem rir, corar ou chorar. Já não escrevo poemas há muito tempo. Escrevi muitos numa fase passageira da minha adolescência em que me embrenhei nos haiku japoneses, nos poemas do Bocage, nas obras de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, e muitos, mas mesmos muitos outros, que mereceriam também aqui referência se eu fosse mesmo obrigado a revelar a lista. Assim, menciono só os mais importantes.

Cabe aqui esta reflexão a propósito de um caderninho que encontrei, do qual resolvi expor aqui algum do conteúdo.

Houve um dia em que resolvi fazer uma experiência genética e cruzar o Camões com o Bocage, sem ligar muito à métrica. Saiu-me assim:

Do centro do meu mundo

Podia chamar-me Toní
Mas tive sorte não sou
É lindo o país onde nasci
Mas teve azar não vingou
Das terras do mundo que vi
Só a minha me enamorou
País do Bocage Pessoa Camões
Terra do Sporting Benfica Leixões

Podia ser de um povo rico
Sou da Europa não sou?
Ando a cavalo num burrico
Que o meu governo albardou
Podia ficar cá mas não fico
Vou lá para fora não vou?
A culpa é agora da conjuntura
Já lá vai tempo que era da ditadura

Como povo somos distintos
Corremos os cantos do mundo
Cá não gostamos de absintos
Somos corredores de fundo
Ao mundo oferecemos os tintos
Ao Brasil romarias e entrudo
Fugimos à polícia e à coleta
Gostamos muito da volta em bicicleta

Ao fim de um dia de trabalho
Digo que é mas não é
Mando os árbitros pró caralho
Enquanto bebo café
Digo que não sou espantalho
E que quem manda é o zé
Vejo a novela Brasileira
Sorvo os programas da fressureira

E aqui vos deixo a brincadeira:

As tias e os pavões assinalados
Que da genial casa lusitana
Com ares nunca d'antes imaginados
Foram de férias p'rá taprobana
E entre festas e romances observados
Mais do que merecia a anfitriana
Entre gente idiota edificaram
novos ricos que tanto elogiaram

É assim o centro do meu mundo

Corria então o ano de Senhor de 1999.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Na sexta, foi à ópera no Barreiro?

Nove e meia da noite no Auditório Municipal, sobe o pano, à nossa frente um cenário despido de adereços.
Ao fundo, um pano preto e nove cadeiras, à esquerda um piano de cauda. Entra o elenco. Todos vestidos de negro. Descaracterizados, à excepção dos obrigatórios toques de maquilhagem.

Surpresa. A pianista Vera Prokic ergue um CD e leva-o até à aparelhagem. Toca a Abertura uma qualquer orquestra num espaço e tempo distante, artificial. Mas a abertura , na ópera, é obrigatória, e quem não tem espaço para uma orquestra faz como o Mantorras:
resolve.

E resolveu muito bem. Enquanto toca a abertura, os actores desenham o espaço imaginário onde se vai passar a história, reinventando o espaço vazio com a construção de uma área imaginária que separa o real do sonho.

Acaba a abertura e tudo se transfigura. O que se vê e ouve a partir deste momento é um espectáculo de trapézio sem rede. Ópera sem suporte orquestral, o maior desafio técnico que um grupo de cantores pode enfrentar, mas está lá o piano, Mozart muito bem trabalhado por uma pianista que se percebe ter uma formação sólida e uma grande empatia com o resto do elenco, neste Don Giovanni, o piano é que conta a história.

O enredo avança normalmente até uma ária do Catálogo que começa a aquecer a audiência. Um Leporello jovem que faz nesta representação uma interpretação inolvidável na forma como se desembaraça da dificuldade técnica de não ter o suporte de uma orquestra. Rui Silva, o Baixo que dá vida a este Leporello, enche-nos de esperança no que está para vir, é a partir do Catálogo que a história se solidifica e o despojamento de cenário e argumentos deixa de ter importância.

O que se ouve a partir dai é o desfilar de um elenco muito acima da média, onde se destaca Ana Moreira, perfeita na sua interpretação de Dona Anna. Carla Simões dá cartas no papel de Zerlina, mais uma jovem que promete um grande futuro.

Manuel Pedro Nunes conquista a audiência com a coerência da sua interpretação e com um final fabuloso, no jantar de Don Giovanni (MPN), com a estátua do Comendador, interpretado por Nuno de Villalonga, que consegue surpreender pela positiva e corresponder à expectativa, afinal de contas, a breve passagem do Comendador por uma ópera que dura duas horas e meia é um dos trechos musicais mais conhecidos no mundo, seria fácil falhar.

Tudo acaba bem: Dez minutos de aplausos de pé para uma casa que podia e devia estar mais cheia. A actuação foi um sucesso e a qualidade geral foi de deixar qualquer melómano boquiaberto.

Da minha parte, dou os meus parabéns ao encenador, Gonçalo Portela, que conseguiu do nada fazer tudo. Ao Manuel Pedro, de quem prezo a amizade, peço-lhe mais.
À Câmara Municipal do Barreiro não desculpo a falta de divulgação deste evento e o facto de só termos tido a oportunidade de assistir a este espectáculo numa sessão única, que aconteceu neste dia 2 de Fevereiro, no AMAC.

Hoje, fez-se ópera no Barreiro e eu sou um homem feliz.

Este texto foi publicado no Rostos OnLine a 3/2/2007 com o título "Um Don Giovanni sem falhas"

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Crónicas do Convento

Na primeira metade de 2006, publiquei no Diário do Barreiro onLine a série de crónicas que se segue. Ficam aqui guardadas para a posteridade. Talvez alguém releia e na altura apropriada as recorde. Esta primeira é particularmente actual.

Veni, Vidi, Vici

“Cuidado com os idos de Março”, dizia o maltrapilho a César na véspera do seu latrocínio. O que se seguiu é da história, César debateu-se com o dilema de ficar em casa ou ir ao encontro da morte pelas mãos do filho adoptivo em quem depositara tantas esperanças: “Et tu Brutus”; e, num instante, as adagas dos Senadores, que ao longo de trinta anos haviam suportado a subida de César ao estatuto divino, se cravaram nas suas costas.

Devemos aprender com a história, para que as coisas tristes não voltem a acontecer, e, sobretudo, não nos aconteçam a nós, há sempre outro que também quer ser César. César esperava a aclamação popular que o tornaria Rei de Roma, no entanto, a conspiração que causaria a sua queda já estava em marcha e combinada para os idos de Março. Os conspiradores conseguiram o seu primeiro objectivo: a eliminação de César; mas não conseguiram realizar aquilo a que se tinham proposto, e a República acabou em Roma, e o herdeiro de César tornou-se, também ele, César.

Na época bastou, para tanto, que dois generais se opusessem ao grupo de magníficos senadores que congeminara a brilhante estratégia e o povo de Roma os apoiasse, o Popvlvm Romanvm, aquele que sempre era esquecido quando se tomavam as decisões e apenas servia para os poderosos manipularem uns contra os outros.

E hoje, encontramos paralelos nesta história? Teremos ainda Césares e Brutus congeminando estratégias nos triclínios da nossa cidade?

Estamos cá para ver, e em boa verdade vos digo:

“Cuidado com os idos de Março”


Comentário em 3/2/2007: Penso que já todos percebemos que isto é verdade, Março já lá vai e continua tudo tal e qual como é descrito acima.


Não Há Jantares à Borla

O Barreiro é uma terra engraçada. De todos os lados vêm exemplos de falta de senso político, de populismo desenfreado e da demagogia utilizada como instrumento político à laia de maquiavelismo saloio. Vale tudo para conquistar objectivos e assegurá-los.

Infelizmente para todos nós, esta tendência não é capital exclusivo de um partido ou de uma pessoa, não. É uma tendência que atravessa todos os quadrantes políticos e que em Portugal já ameaça destruir o que resta de credibilidade à partidocracia actual.

De um lado contam-me que o Presidente da Câmara, que dá pelo nome artístico de Carlos Humberto (para dar um ar mais camarada), num discurso inflamado aos trabalhadores da DHU afirmou que da Câmara apenas recebe o ordenado que já recebia antes de ser eleito, o que significa que recebe apenas um pouco mais que alguns dos funcionários mais mal pagos da autarquia. Temos muita pena dele. Penso que o Partido fica com o resto do ordenado. Parece uma atitude nobre, mas não é, torna-se na mais pura demagogia quando o mesmo senhor apregoa por toda a parte que a Câmara vive dificuldades financeiras e aparentemente mais alguns Vereadores e Assessores se dispõem ao mesmo. Isto é gozar com o contribuinte, se o Sr. Presidente quer tomar uma atitude nobre, em lugar de se sujeitar a ser um funcionário partidário, devolva ao erário público a parte do ordenado que não lhe faz falta, para que não lhe fique mal pagar um monte de ordenados do qual apenas parte se destina a pagar a quem trabalha e depois andar a queixar-se de falta de dinheiro na Tesouraria. O financiamento partidário não deve ser causa de dificuldades financeiras para a Câmara, pois o Estado já financia sobejamente os partidos para que tais mecanismos se tornem desnecessários.

De outro lado, chega-nos a mensagem do Vereador Vitorino de que, durante quatro anos o Gabinete de Regeneração Urbana não terá produzido nada, simplesmente porque nenhuma das candidaturas que estavam em preparação por este gabinete terá sido entregue. Custa a justificar, é certo, agora, o que também é certo é que o tempo das lamúrias já passou e que o Sr. Vereador devia era estar a pensar em pegar no trabalho que já está feito e fazê-lo avançar na forma das candidaturas que os outros não tiveram tempo de completar. Criticar é fácil, fazer o que falta é mais difícil, por isso, escolhe-se o caminho do facilitismo, que é um caminho que não ajuda a nossa terra e não conduz a resultados práticos para além do mediatismo de quem o pratica. Pessoalmente, e penso que nisto sou acompanhado pela maior parte dos cidadãos desta terra, preferia que o Sr. Vereador tivesse posto mãos à obra e se preocupasse mais com o facto de nada ter avançado nos processos a cargo do GRU desde as eleições. A População do Barreiro agradece que se trabalhe mais e se comente menos o trabalho dos outros.

De um terceiro lado, verifico que há no PS uma tendência representada por alguns militantes que ainda não percebeu que, ao perder as eleições de Outubro, perdeu o poder e que, desde lá para cá, foram efectuadas eleições internas no seu Partido e que uma nova gerência está em vigor. Este grupo, comportando-se como as galinhas que depois de cortada a cabeça, o corpo continua a andar, continua a proceder como se nada se tivesse passado e mantém as mesmas atitudes e projectos de poder pessoal que os caracterizaram durante os últimos anos, sem perceber como isso prejudica a imagem do partido e a capacidade de afirmação da nova geração que está agora a tentar fazer a política de forma diferente. Oferecer jantares à borla para comprar votos aos incautos não é, nem deve ser maneira de actuar num partido que se quer livre, democrático e pluralista, e também já não pega. Quer-nos parecer que os militantes do Partido Socialista, à semelhança do resto dos cidadãos estão fartos de determinadas formas de actuação política e vão voltar a penalizar quem utiliza a política para servir fins pessoais ao invés do bem geral da comunidade.

Enfim, todos diferentes, todos iguais. Concluo, afirmando que não há jantares à borla e que a maior parte dos que não se pagam em dinheiro acabam por ter um preço demasiado elevado.

P.S.- Sei que este é um artigo duro, na linha do mais duro que eu já escrevi na minha vida, mas há coisas que se impõe escrever de uma certa maneira, para não perder o efeito. E o efeito desejável é que este artigo de opinião que eu subscrevo na totalidade represente uma chamada de atenção para o tipo de coisas que não podem continuar a acontecer na política Barreirense. É um grito de desespero pelo ponto a que as coisas chegaram, o que obriga a esquecer o rendilhado do meio campo tão típico das lides futebolísticas nacionais e que é, infelizmente, tão utilizado na escrita. Por favor, sejam sérios.

Comentário em 3/2/2007: Penso que já todos percebemos que isto continua na mesma, mas para pior, os jantares instituíram-se e agora já temos uma tasca oficial e tudo. Pelo menos seguiram o conselho e tornaram-se sérios, Eh, Eh!


A Festa de Coina

Os carrinhos de choque têm uma característica que, quando era criança, sempre me fascinou: Ao contrário dos outros carrinhos, os que servem para andar na estrada, servem única e exclusivamente para bater uns contra os outros. Esta é uma forma de negação da realidade que é fascinante para uma criança ou talvez até para um adolescente, pois cria uma perspectiva do mundo inteiramente nova, baseada na inversão da percepção que se tem do mundo. Já em adulto comecei a considerar os carrinhos de choque uma forma de diversão intrinsecamente estúpida, por criar a ilusão de que qualquer um pode conduzir e que não interessam as consequências que daí advenham.

Esta é uma imagem que me ocorre sempre que tenho que explicar a alguém que a análise que fez pode não estar inteiramente correcta por estar baseada no preconceito e não na realidade. O preconceito, como a palavra indica, é uma opinião formada antes do conhecimento da realidade, é um conceito prévio, que deriva no facto de, para cada um de nós, a realidade ser aquilo que vemos nela. Quando olhamos para a realidade temos à nossa frente um filtro que é constituído por todos os nossos preconceitos. Apenas quando nós ultrapassamos o nosso filtro podemos ter uma imagem transparente da realidade. Tudo o que fique aquém disso é apenas uma visão distorcida e coxa da realidade.

Voltou-me esta ideia à cabeça esta madrugada, mal acabei de ver um querido amigo meu a pretender conduzir o seu automóvel como se fosse um carrinho de choque, utilizando-o para quase bater num outro veículo que já estava em movimento e preparando-se para uma longa viagem. Destacou-se imediatamente, para mim, a ideia de que aquele amigo tinha andado de carrinhos de choque vezes demais, e que, por isso, se julga o melhor condutor do mundo. É a ilusão a ser utilizada para dar expressão a um preconceito. O filtro estava demasiadamente sujo para poder ver claramente a realidade, ou pior, já a viu e não a quer aceitar por considerar que a sua maneira de conduzir é a única correcta. E estou certo de que ao fazer o que fez, o meu amigo achou que estava muito bem feito.

A vida é assim, a realidade é para cada um de nós aquilo que vemos nela. No dia em que o meu amigo perceber que tem um filtro e que aceite e ponha de lado as imagens que tem pré-concebidas, será um grande condutor, até lá, será apenas um condutor de carrinhos de choque com um automóvel nas mãos.

Este ano, quando voltar a Festa de Coina, vou convidar este meu amigo a ir lá comigo e darmos umas valente marretadas um no outro.

Por aqui me fico.

Mais uma volta, mais uma corrida. Toca a buzina e os carrinhos de choque voltam a andar.

P.S.- Gostava de não deixar passar a oportunidade de cumprimentar e dar as minhas felicitações ao António Chora pela exemplar resposta que aqui publicou e que para mim só reforça a ideia de que quem se bate por ideais nunca precisa de estar calado. Parabéns e boa sorte na sua temporada legislativa.

Comentário em 3/2/2007: A sensação do dejá vu é mesmo estranha.


Esta semana

Esta semana tive finalmente a oportunidade de ir a Belém comer uns pastéis e ver a exposição de obras da genial Frida Kahlo que está patente no Centro Cultural de Belém. Nessa exposição, magnificamente enquadrada por fotografias de época que nos recordam a história da vida de Frida e do seu companheiro Diego Rivera, encontra-se uma particularmente interessante que é a da chegada ao México do escritor ucrâniano de origem judaica Lev Davidovitch Bronstein, que ficaria na história com o heterónimo de Léon Trotskii.

Trotskii, que durante a sua vida perderia a sua primeira mulher e um dos seus filhos para o Gulag e o seu segundo filho para uma misteriosa apendicite aparentemente encenada pelo GRU (polícia política soviética anterior ao KGB), fundou a 4ª Internacional no México e não escaparia ele próprio a um destino violento, tendo sido assassinado a mandado de Estaline com um golpe de picareta na cabeça, na casa que partilhava com Frida no bairro de Cocóyan, na Cidade do México. Está tudo lá no CCB, na arte de Frida Kahlo e no documentário que se pode ver na sala anexa à da exposição.

Veio esta minha visita a Belém, a talhe de foice, a ficar relacionada na minha mente com os eventos que se tiveram lugar durante a semana, as comemorações do 25 de Abril, as do 1º de Maio e, entre elas, a Reunião da Assembleia Municipal do Barreiro de 28 de Abril, com particular relevo para esta última.

Tendo-me deslocado na qualidade de cidadão à referida reunião para inquirir os poderes instituídos sobre as consequências que a quinzena da juventude teve sobre a alvura das paredes na área circundante ao Campo do Luso, em particular, sobre as do meu estabelecimento, fiquei para assistir até ao fim. Como tive a oportunidade de conhecer antecipadamente a moção de louvor ao 25 de Abril que o grupo municipal do PS levava à Assembleia em questão, estranhei uma interrupção feita nos trabalhos com o fim de o Grupo Municipal do PCP a debater. Penso que se debruçaram em particular sobre uma frase que colocava ao mesmo nível o Tarrafal, Auschwitz e o Gulag. Quando foi a votação, votaram contra. Interessei-me em perceber porquê. Escutava eu atentamente o Deputado Municipal José Caetano e eis que, quando eu esperava que ele se fosse referir à ausência de Guantanamo no documento, ele informa os presentes de que a Bancada da CDU não estava em condições de votar favoravelmente a moção caso não fosse possível retirar apenas uma palavra: Gulag.

E pronto, bastaram quinze minutos para que as coisas voltassem aos velhos tempos em que se ficcionava sobre a vida nos países de leste e se começasse outra vez a reescrever a história à moda do pendor ideológico. Não é que eu tenha alguma coisa a ver com isso, mas pareceu-me mal que 15 anos volvidos da Queda do Muro e do conhecimento efectivo do que se passava do lado de lá, ainda hajam políticos capazes de defender Estaline e a sua crueldade. A mim, que, como dizia Adolfo Luxúria Canibal, (nome artístico do meu amigo Adolfo Soares Macedo), "na Primavera, não estava em Praga, e no 25 de Abril, estava em Braga, demasiado ocupado a crescer, para me dar conta do que estava a acontecer", o dia da Queda do Muro foi o mais significativo dia de comemoração da Liberdade em que estive presente na minha vida, e é a única coisa que aos 32 anos de idade tenho para comparar ao momento fundador da nossa Democracia actual, pareceu-me muito mal este regresso ao passado.

Custa-me, ainda hoje, a compreender porque é que as moções de louvor ao 25 de Abril só mencionam a luta de uma geração, quando a ideia é que a data que se comemora é ser, para além do momento histórico, o Dia da Liberdade. E já houve uma outra geração, entretanto, que também lutou pela sua própria ideia de liberdade e esteve na luta para derrubar o Muro de Berlim e tudo o que este simbolizava e depois esteve na luta pela libertação de Timor-Leste e ainda está na luta pela libertação do Sahara Ocidental e dos Chiapas. Podemos não ter passado pelas mesmas dificuldades e repressões, mas trabalhámos afincadamente, lutámos e lutamos pelos ideais mais nobres, sem pedir nada em troca. Penso que ainda vai ter que passar mais uma geração para que estas lutas também sejam enquadradas no espírito de Abril e deixemos de ouvir todos os anos a lenga-lenga dos Capitães de Abril e do "fascismo nunca mais" e passemos simplesmente a ouvir "Liberdade Sempre".

A repressão não escolhe regime político e o Comunismo Soviético, a Democracia Americana e as Teocracias Ocidentais e Orientais já conseguiram ser tão ou mais repressores que o Fascismo, pelo que me parece francamente inapropriado comemorar o Dia da Liberdade condicionados por um estado de hemiplegia ideológica que nos põe, à velha maneira portuguesa, a lamentar do que havia antes, em vez de apontarmos para o que deve haver depois.

Na semana em que, quem passou por Roma, pôde ver um fulano vestido de branco a saudar o Anaia com um toque da sua mão esquerda, o PCP no Barreiro votou contra uma moção de louvor ao 25 de Abril e o nosso Barreirense voltou a descer de Divisão.

Não há coração que aguente!

Depois de um amigo me ter chamado terrorista e outra me ter perguntado qual é o meu nome artístico, aqui vai...

Um abraço do,

Bin Estáden

Comentário em 3/2/2007: Enfim, os meses passam e há coisas que continuam sempre na mesma, o que é que se pode dizer?


Silly Season Barreirense

Chegou a hora. O pessoal fez as malas e partiu para o Algarve ou para destinos mais exóticos e nós ficámos sem assunto para comentar e guardamos as novas ideias para o regresso das férias quando todos puderem ler o que escrevemos e aí tentarmos mudar algumas coisas.

Dos que ficaram ou já regressaram não ficaria muita história para contar se não existisse silly people para animar a silly season. Assim, enquanto buscamos nos jornais e na televisão assuntos que nos ajudem a reflectir, damos de caras com o maior gaspacho do mundo, a maior feijoada da Europa ou a maior espetada de porco do universo.

No meio de tanta tolice, (sim, silly season é simplesmente a época da tolice), aparecem ainda umas pérolas como as que o recém chegado de vacaciones alentejanas, Sr. Escoval, nos atira como se tivesse estado um ano no estrangeiro. É destas pérolas que vive o comentário político enquanto a malta que tem efectivamente alguma importância está a laurear a pevide pelas praias desse mundo fora.

À falta de melhor assunto para tratar e prevendo que eu próprio não conseguirei ter férias este ano, decidi-me então a ocupar alguns minutos do meu tempo livre para tentar pôr o aparentemente incorrigível Sr. Escoval, no seu lugar. É um assunto suficientemente silly para me entreter a mim e ao leitor por alguns instantes e ao mesmo tempo é uma oportunidade para gerar algum confronto de ideias nesta altura do ano em que nada se passa.

No seu devaneio desnorteado pelos temas da política local, decidiu o Sr. Escoval hiperbolizar as palavras do meu camarada Carlos Duarte e converter uma frase retirada de um contexto dentro do qual é perfeitamente admissível, válida e corajosa, num título de um artigo que pretende ser uma frase alarmante, polémica e até mesmo chocante. Assim, quem vê o título, interroga-se sobre o que irá dentro do artigo e vai lê-lo para se tentar confortar da falta de coisas novas que há nesta season.

Lemos assim: "Sede para atacar o PCP" e ficámos logo sem saber se seria sede de bebida ou sede de local. Com o calor que se tem sentido e os cortes de água que têm havido ultimamente, facilmente poderíamos ter concluído que este título não passava de um anúncio a uma qualquer bebida refrigerante do tipo da Coca-Cola. Estão a ver as ramificações do raciocínio? A sede e o calor aumentam o desejo das pessoas pela água suja do capitalismo, etc... etc... etc...

Não, o que depois encontrámos lá dentro não foi nada disto. Demos de caras com alguém que, tendo regressado desse lugar longínquo chamado Alentejo, onde não chega qualquer eco da nossa civilização, se viu afrontado com as declarações dos nossos primeiro-ministro e ministro da Economia acerca da exigência do Estado português em que a OPEL pague a indemnização devida pelo encerramento da unidade da Azambuja e tenta fazer parecer que essas declarações foram uma coisa má em lugar de uma atitude séria de defesa do interesse nacional. Baralhando e voltando a dar, vem então o Sr. Escoval fazer parecer que a culpa do encerramento da fábrica é do Estado e da UGT, remetendo-nos para a tragédia humana que é a situação de desemprego e de dificuldades em que ficam aqueles trabalhadores. Esta parte do artigo foi ao melhor estilo intemporal do PCP de explorar a fome, a miséria e a ignorância alheias para aumentar a sua influência na sociedade e tentar atingir a tal revolução que tanto anseia. Como se os outros, nomeadamente o Governo e a UGT, tivessem algum interesse no encerramento da fábrica e no desemprego dos seus funcionários e a CGTP e o PCP fossem os únicos paladinos da defesa dos pouco afortunados operários da OPEL.

A realidade é que tudo isto são tretas: a OPEL é um negócio e os negócios são para ser produtivos e lucrativos, ora, a Direcção da OPEL tem uma contabilidade muito bem apurada que lhes disse que a fábrica em Portugal não dava rendimento suficiente quando comparada com as outras do grupo, vai daí, decidiu mudar as operações para outro lado. Quanto a isto não havia nada que o Governo, os Sindicatos ou os trabalhadores pudessem fazer que não pusesse em causa princípios básicos da nossa Democracia, como sejam a igualdade de condições de concorrência ou os direitos adquiridos. Como a CGTP neste último preceito é geralmente inflexível, as fábricas em Portugal tendem para o encerramento em vez da manutenção em condições negociadas seriamente pelas partes. E quem fica a rir é o PCP que vê aumentado o capital de descontentamento na nossa sociedade e depois põe elementos como o Sr. Escoval a explorar o tema até à exaustão na tentativa de ganhar apoios e votos.

Eu não estou a dizer que a culpa da maior parte dos encerramentos de fábricas é do PCP, mas que às vezes parece, parece.

Arrumado este assunto, sigamos em frente e continuemos a análise do texto que aparentemente iria culminar num floreado sifilítico em torno do tema da tal sede, que até ao momento ainda não havíamos descortinado de que tipo era. Verificámos que o Sr. Escoval se tinha actualizado à chegada das férias, tal como havia anunciado no início e eis que nos confrontamos com a segunda perplexidade do autor e finalmente descobrimos de que tipo é a sede: É a sede da Secção de Acção dos Trabalhadores Socialistas das Autarquias Barreirenses. E que choque para o Sr. Escoval, que a seguir nos dilacera os corações e as almas com uma série interminável, diríamos mesmo quasi-Castrista, de interrogações sobre a utilidade da referida sede: Para defender os trabalhadores disto? Para defender os trabalhadores daquilo? Para defender os trabalhadores do etecetera e tal.

Fingindo que não tinha percebido que a sede era da Secção de Acção (o que como o nome indica é um espaço de trabalho e organização de algo), dos Trabalhadores Socialistas (o que designa a qualidade de quem lá vai trabalhar e que se lá vai organizar), das Autarquias Barreirenses (o que particulariza o âmbito a que o trabalho que se vai realizar naquela sede se vai restringir), o Sr. Escoval tenta atribuir capacidades sobrenaturais e desígnios divinos a tal estrutura partidária, capacitando-a para fins tão distintos como lutar contra um Governo que é do mesmo partido dos trabalhadores que se organizaram naquela secção, lutar contra os boys no Governo ou até atentar contra medidas urgentes e necessárias que evitarão, no futuro, situações como o encerramento da Azambuja.

Parece-me importante esclarecer o Sr. Escoval sobre o âmbito daquela Secção: Sr. Escoval, a Secção do PS dirigida pelo Carlos Duarte tem um âmbito municipal e não nacional, e, para além disso, destina-se a divulgar o ideário do Partido Socialista junto dos trabalhadores das autarquias barreirenses e, naturalmente, defendê-los de quem neste município detém o poder sobre os seus empregos e as suas carreiras, fazendo parte disso, como seria de esperar, lutar contra os boys e as boyas na Câmara Municipal do Barreiro, defender os trabalhadores socialistas das perseguições e excessos deliberativos de quem detém o poder na Câmara Municipal do Barreiro e, se ao caso vier, lutar internamente no Partido Socialista para que o Governo seja sensível aos problemas que pode criar a estes trabalhadores ao emitir certos e determinados diplomas legais.

Agora, o que esta secção nunca vai fazer é servir os interesses do Sr. Escoval e do PCP, nem vai deixar que os socialistas que têm por fado estar sob as ordens a nível profissional, de elementos do partido mais faccioso, vingativo e chauvinista que existe em Portugal sofram às suas mãos.

Quer isto dizer que a célula do Partido Comunista na Câmara Municipal do Barreiro já não está sozinha e tem quem se lhe oponha e vai ter que se habituar a isso. Bendita seja a sede se lhes conseguiu ao menos mostrar que não são donos das ideias de quem trabalha na Autarquia e que o PS perdeu mas não morreu e vão ter que se habituar à oposição nos plenários de trabalhadores e noutros momentos em que se julgavam sozinhos.

Sr. Escoval, por favor volte para o Alentejo e regresse daqui a três anos para ver se percebe o que aconteceu.

Termino este artigo que já vai longo confidenciando aos leitores que apostei uma garrafa de Möet et Chandon à Eppernay (Brut Imperial) em como conseguia aqui escrever duas vezes as palavras Coca-Cola, Porco, Treta, Castrista e Sifilítico e ainda fazer publicidade ao dito néctar sem perder o sentido do texto. (Amigo António, está na hora de pagar).

Para todos um grande bem-haja, em especial para os que estão no Alentejo e não sabem o que por aqui se vai passando, o vosso

Pedro Estadão

Comentário em 3/2/2007: Esta foi mesmo à bruta e por trás, e vai daí, o Sr. Escoval respondeu-me e até emprenhou pelas orelhas engolindo as que eram para ele e as que não eram. Sr. Escoval, esteja descansado que a do porco não era para si. O engraçado é que depois desta deve ter havido alguém que lhe pôs uma rolha e deixámos de ouvir os seus protestos. Se calhar, emigrou de vez para o Alentejo... Bem, paciência... Temos saudades mas parece-nos que vai demorar um tempo até lhe darem autorização para voltar ao mesmo, Eh, Eh!

Pois é amiguinhos, há mesmo coisas que nunca mudam!