sábado, 17 de março de 2007

Olha que não Sostrova, olha que não!

Fazer política em verso
Não é grande novidade
É um pensamento disperso
Outro com grande acuidade

Rei das trovas é o Barroso
De quem minha mãe é prima
Chega quase a ser criminoso
Desafiar-me p’ra uma rima

Fizeste-me uma trova
Respondo-te com umas quadras
Ó meu amigo Sostrova
A ver se te desagradas

Foste à bruxa da moda
E falaste com o Cunhal
Digo-te não me incomoda
Ser amigo do Juvenal

Vens com histórias da carochinha
Que p’ra mim não valem nada
Não vou à vossa festinha
Nem que ofereças a entrada

Dizes que a tua vereadora
Afinal ficou contente
Por estar aqui e agora
Na mira da minha gente

Sei que ficou magoada
P’la minha forma de expressão
Foi uma coisa de nada
Sem a menor intenção

Ao contrário do normal
Até fui muito delicado
Não foi nada pessoal
O objectivo atacado

Gosto de ser diferente
Não acredito em batotas
Eu digo pela frente
O que outros dizem nas costas

É nova como figura pública
Caiu no centro das atenções
Se continua a ser pudica
Vai ser ovelha entre leões

Tem que saber distinguir
O político do pessoal
Ás vezes tem que sorrir
E não levar a mal

Dizes recente a memória
Dos edis socialistas
Pergunto: então e a história
Das décadas comunistas?

Farinha do mesmo saco
Diz o povo com razão
Mas tem sempre um fraco
Pela última geração

Esta idade é a nossa
Não nos falte a coragem
Pode ser que a gente possa
Mudar p’ra boa a imagem

Temos que assumir
Muita responsabilidade
Não podemos fugir
À luta pela verdade

A nossa geração
Tem muito que fazer:
Acabar com a corrupção
E distribuir o poder

Por isso não acredito
No que dizes sem pensar
Baseado num mito
Em que queres acreditar

Dizes que és de aço e tijolo
Que não vos derrubo a falar
Mesmo que passe por tolo
Não deixarei de tentar

Sei que não tenho maneira
De te levar à razão
Mas aquilo que me cheira
É que vamos ganhar a eleição

Dizes que constróis o futuro
Com paredes de pedra e cal
Vou derrubar o teu muro
A escrever mesmo que mal

É que eu não vou em cantigas
Nem me assusto com pouco
Não tenho medo de brigas
Falarei até ficar rouco

Não preciso de reunir
Antes de te responder
Pois sei que estou a seguir
A via que deve ser

Diz-me onde está a sondagem
Que vos indica a crescer
Digo-te que isso é bobagem
Já nem na China há de ser

É que os comunas amarelos
Já têm coisas privadas
E ainda havemos de vê-los
Ao Mao de costas voltadas

Hoje acabaram-se os temas
Querias lixar o Estadão
Com meia dúzia de poemas?
Olha que não Sostrova, olha que não!

sexta-feira, 16 de março de 2007

Trovas para o Estadão

Não penses que esta espera,
foi por falta de inspiração
nem aguardei por essa quimera,
em que acreditam os socialistas
que é de Moscovo que vem a orientação
que rege todos os actos comunistas.


Esperei e desesperei,
por um telefonema que não chegou.
ao invés veio um e-mail
que muito me preocupou.
Dizia o e-mail: Sostrova tem cuidado,
com o socialista Pedro Estadão
rapaz muito bem formado
mas anti-comunista de convicção.


Como sabes, caro Estadão
para um comunista pode ser perigoso
responder assim rápido sem tirar a boina,
contra a orientação do KGB que é melindroso
podem até mandar-me para o gulag de Coina.

Esse sitio agreste, tão particularmente gerido
sem outra cultura que não seja a TV.
Em Coina viagens é uma excursãozita
a Fátima já se vê
paga pasme-se então,
pelo executivo da junta com o apoio do catita.

Mas deixemos o caciquistão
e deixemos o regionalismo
que não foi por isso que decidi responder
Nem em Coina o catolicismo
tem assim tanto poder....


Como o Jerónimo não respondia
à minha insistente chamada,
decidi-me por ir à bruxa
para responder à tua missiva “postada”.



No consultório obscuro para mim disse a vidente:
Sostrova está patente
que para responderes ao Estadão
usa lápis e imaginação
e escreve-lhe uma poesia.
Eu respondi: querida vidente
não tenho jeito nem saber
nem acredito que o Estadão
leia com atenção
os versos que eu lhe possa escrever
alem do mais não sei se essa é a orientação
nem era a resposta que eu queria...
Diz lá vidente amiga, se é solução
escrever politica em poesia?

Então, debaixo da mesa de pé de galo
soou um ruído, tipo um estalo
e uma voz cava
vinda de uma sombra branca se elevou e fez ouvir.

A voz assim disse;
-- Sou o fantasma de um secretário geral
e venho dar-te a tua orientação:
responde ao Estadão,
com pena e inspiração
que à poesia ele está habituado.
Pergunta ao poeta Durval
que com versos o tem sensibilizado.
Assim falou o fantasma do Alvaro Cunhal,
que ainda assusta certa cam(b)ada
e que para espanto do pessoal
deixando a vidente consternada
subiu ao céu de forma agitada
assobiando a internacional.



Saí do consultório da bruxa a correr
e entrei na Cova funda e na Bagatela,
comprei três cadernos e com que escrever
e na tasca mamei um bagaço para afinar a goela.


Lembrando a tua carta
à vereadora Regina
devo dizer-te Estadão
que imagino a camarada contente
por despertar na tua gente
tal critica e atenção .

Por ser um exemplo de actuação
que levanta questões e impõe acção,
por mexer com a cultura e património
com o desporto e a educação.
Só por gerir bem o seu pelouro,
e trabalhar que nem um mouro
deu nas vistas à oposição
que remoeu e suspirou,
pensou e repensou
e atribui ao Pedro Estadão
tamanha responsabilidade
de fazer um elogio na inversão
à vereadora tão interveniente no quotidiano da cidade


Carta escrita e publicada
de rápida e expedita maneira
com a ajuda democrata
do jornalista Sousa Pereira.


Pensou o Estadão:
-- Agora que está a tenda armada é que o circo vai arder,
saiu no Rostos e no Bloguestadão
e vamos ver quem vai responder...
Fica assim suspenso o anzol
que algum comuna há-de morder...


E o comuna fui eu,
fui quem pisou na ratoeira mal disfarçada
puxei-te o nylon que cortei
com uma simples dentada
agora tenho a linha e o anzol,
mais o isco e a chumbada.



Mas é preciso dizer, que por ser verdade deve constar,
que gesto fraternal,
de democracia sem igual,
o socialista Estadão
abriu-me do seu blogue o portão
e me deu liberdade de postar.
Antes de postar reuni, como fazemos os comunistas
em vez de ir almoçar ao Palácio que é onde decidem os socialistas
Ouvi as bases numa de participação
e ouvi da história o próprio Cunhal
que me sugeriu uma intervenção
provando ao Pedro Estadão
que o comunismo não morreu nem está mal
mas vive e cresce em Portugal


Agora muito a sério, deixa- que te diga
que das fraquezas fazemos força
e tiramos energia da fadiga.
Os ataques reforçam-nos o aço em que a historia no forjou
porque aos comunistas do Barreiro
não é com cartas nem com paleio
que nos consegues derrubar,
aqui onde nos vês, foi o povo que nos escolheu
Somos um muro de muitos tijolos
alicerçado fundo no povo que é mais que tu e mais que eu.
Sei que a alguns dos teus isso causa azia...
Eles que tomem uma alcaselser ou sais de frutos à colher
porque é com o voto do povo que se faz a democracia,
que não é quando um homem quer
mas sim quando o povo a deseja.


Somos um partido que tem
belas, mestres e monstros
colectivistas e todos ao molho
num imenso maranhal
construímos o futuro dia a dia
com trabalho, querer e alegria
erguemos paredes de pedra e cal.



Quando injustamente acusas
um vereadora comunista
estarás a dar-lhe razão
e reforçar-lhe a fibra para que prossiga e não desista



Fica atento amigo Estadão
quando voltares a falar dos eleitos comunistas
porque a está ainda fresca na memória do cidadão
que recorda com agonia e aversão
como eram os dias em que os vereadores eram socialistas.



quinta-feira, 15 de março de 2007

Resposta ao Helder Menor

Amigo Helder,

Não me reconhecendo, conforme deves imaginar, na abordagem à Jack Estripador que fizeste à minha missiva, vou-te entregar a resposta numa forma que entendo descomprimir o discurso. Dir-te-ei que a segmentação de uma resposta, na forma que usaste revela mais das tuas próprias fraquezas e dos pontos em que te sentiste tocado do que propriamente ataca o discurso e os conceitos patentes na carta que escrevi. E ao revelar as tuas fraquezas, revelas de alguma forma as fraquezas do grupo a que pertences. Aceita portanto o meu comentário de forma pedagógica.

Em primeiro lugar, relativamente às razões que invocaste para comentar a minha carta, deixa-me dizer-te que o facto de a carta ser pública não impede que tenha um destinatário. Admito que, como membro do que afirmas ser um colectivo, te sintas tocado por uma mensagem dirigida a uma tua camarada e, por seres dotado de um voluntarismo e de um espírito cavaleiresco que te reconheço, tenhas acorrido em defesa dela. A defesa que fizeste foi provavelmente prematura pois não curaste de tentar saber a amplitude de publicidade que esta carta pode vir a ter junto da comunicação social, pelo que a tua suposição acerca de debates semi-privados e de razões de ética governativa que impeçam alguém de responder, para mim, não tem qualquer fundamento. Não reconheço essa “ética” a não ser que a traduzas para “instruções do partido”. Achei curiosa a insinuação acerca das expectativas dos munícipes, que sugere que a Vereadora Regina Janeiro está num plano tão elevado que nem se dará ao incómodo de responder a um simples e anónimo munícipe como eu.

Neste particular deixa-me ainda estranhar que consideres haver meios e espaços próprios para a Democracia. Para mim, a Democracia é como o Natal, é quando o homem quiser, e devia ser todos os dias e em todos os lugares.

Reconheço, no entanto, que os vinte anos de argumentação política que temos mantido, te dão o direito de não querer perder esta oportunidade, estavas mortinho por me bater e até convidaste o Jack Estripador para te ajudar.

Em segundo lugar vejo que a minha carta à Vereadora Regina levantou em ti, ou no colectivo em que te inseres, cinco questões: A da capacidade de decisão dos eleitos do PCP, a dos atrasos nos pagamentos aos professores, a do Praiense, a da programação cultural, e a da “Bela e o Mestre”, que era a terceira mas passou para um post-scriptum depois de melhor consideração da tua parte. A subalternização da última indica que quiseste reduzir o seu relevo para não demonstrar a importância que a questão assume para ti. Para a próxima, lembra-te de re-numerar os parágrafos, senão o Estripador pode transformar-se num Hannibal Lecter e come um dos braços do teu discurso, é que aquilo que se vai tornar mais evidente quando olhares para o cadáver é o braço que lhe falta, e toda a gente se vai lançar em sua procura.

Aprecio, relativamente à questão da capacidade de decisão dos eleitos, que eu preferiria designar por autonomia e independência, a tua exposição em breves palavras do complexo sistema de tomada de decisões do Partido Comunista Português, complexidade essa que, em meu ver só é igualada pela do sistema da Igreja Católica. Depois de me dizeres que todos participam na decisão e que há um responsável que a assume, vens-me dizer para ficar descansado relativamente ao poder de decisão da Vereadora Regina apresentando-me a alegoria da vinda do Fidel Castro para a Câmara. Está bem, vou tentar acreditar em ti e vou ficar descansadinho…

Como há muitos anos me recuso a discutir contigo questões de dogma, pois já sei que nesse particular nunca iremos estar de acordo, vou-me abster de comentar o tecido que fazes em torno da justificação ideológica para a presença do Engº. Abreu na Câmara Municipal do Barreiro pois se me agrada ofender-te em privado, recuso-me a fazê-lo em público.

A tua interpretação das minhas palavras como qualquer espécie de elogio ao teu camarada António Abreu é apenas produto da imaginação, mas, de resto, estou habituado a ver todo o género de disparates a nascer da interpretação dos meus escritos, por isso, não importa, a beleza está nos olhos de quem a vê.

A minha referência à “Bela e o Mestre” foi apenas uma imagem metafórica que referi ao afirmar que pelo pouco que conheço da Vereadora Regina Janeiro me custa a acreditar em algumas coisas que me têm dito. Neste ponto, pela forma insinuadora em que o colocaste, não me adiantarei mais.

Relativamente aos professores, afirmas que estamos na base do diz que disse e respondes-me com boatos. Ó Helder, temos que ser sérios: Eu não me atreveria a escrever uma carta destas com base em diz que dizes, o atraso nos pagamentos aos professores foi um facto não foi um boato, assim como foi um facto o atraso dos pagamentos aos funcionários da autarquia, que tu escolheste ignorar na tua resposta, por não te dar jeito. É que eu poderia responder à demagogia das tuas insinuações acerca de posições nada mais nada menos que radicais que o governo do meu partido teria tomado contra os professores com a famosa resposta do “e vocês, que se dizem tão preocupados com os trabalhadores nem se preocupam em desculpar-se publicamente do atraso no pagamento dos ordenados.”

Também reparei que fugiste ao assunto da regulamentação dos apoios ao movimento associativo, o que me perturba de uma forma estranha.

No que diz respeito ao Praiense, vou esperar para ver. Acredito na oposição construtiva, mas não acredito em dar armas ao adversário, portanto, não te direi o que faria se fosse Vereador ou Presidente da Câmara.

O facto de me teres encontrado na Ópera não implica que a programação cultural não seja incerta, desfocada e conta-gotas. Digo-te mais, é tudo isto e é-o em cima do joelho. Concordarás decerto comigo quando te disser que qualquer política cultural só faz sentido se tiver objectivos de longo prazo e se produzir um envolvimento dos agentes criadores de cultura na formação do público e na sensibilização para a procura da cultura. Acredito tanto numa política cultural que apregoa variedade de eventos como numa que apregoe quantidade de espectáculos de fogo de artifício. O que está em causa não é a variedade nem a quantidade dos eventos.

A cultura deve ser encarada como um investimento na evolução de uma população, para isso é tão importante a divulgação, a sensibilização e a formação como são os eventos em si, pois o importante é o resultado a longo prazo em termos de evolução cultural da comunidade. Acredito no Barreiro como emissor-receptor de cultura e não como um simples consumidor de eventos, por mais diversificados que sejam. Portanto, o que eu não vejo na programação cultural da nossa terra é o reflexo de uma política cultura assumida a médio e longo prazo que passe da fase dos eventos para a fase dos nichos geradores de cultura e do apoio sério e efectivo aos agentes de produção cultural a nível local.

Se não te importas, reservo o plano completo para o meu contributo para o programa eleitoral do Partido Socialista para as próximas eleições autárquicas, é que estou desconfiado que vocês andam desorientados e estão à espera que alguém vos dê umas luzes. Por mim, prefiro esperar para ver o que é que vocês vão fazer e dar uma buzinadela sempre que entender que se desviaram demasiado do caminho correcto.

O Partido Socialista é, conforme sabes, um partido de homens e mulheres livres, por isso nada me obriga a identificar-me com a política cultural que foi seguida durante o mandato anterior, até porque não tive qualquer parte no seu desenvolvimento ou aplicação e até discordei publicamente de algumas das opções tomadas e considero que não foi feito um esforço sério de cumprimento do programa eleitoral, mas esse é o problema das organizações partidárias, é que nem sempre têm à sua frente as pessoas que nós gostaríamos que tivessem. Depois, uns podem ter os seus Abreus, outros não, ficam simplesmente à espera do cumprimento do princípio de Peter.

Com esta me fico.

Um abraço amigo do,

Pedro Estadão

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ena! Tive uma resposta.

Como é impossível postar comentários neste blog, o meu amigo Helder Menor deu-se ao trabalho de me enviar um e-mail com o seu comentário pessoal à carta aberta de ontem. Agradeço-lhe a forma civil e elevada com que me responde e publico-a aqui por considerar que o respeito que o Helder me merece após duas décadas de debate político, quase sempre em campos opostos, é suficiente para que possa quebrar a lógica deste blog.

Acabei por convidá-lo a ser participante, temporariamente, deste espaço, para que possamos dialogar de forma mais aprofundada sobre o tema em questão.

Segue-se a resposta:

Caro Pedro,

Venho comentar esta tua carta por uma mão cheia
de razões:
1º porque sendo uma carta aberta, e por isso
publica, acho que tendo tomado conhecimento da
mesma estou no direito de a comentar.
2º porque não sendo dirigida a mim, mas sim a um
eleito do meu partido, e tendo eu votado na
equipe CDU, sinto-me por isso também responsável
pela politica dos eleitos e neste sentido acho
que tenho o direito e o dever de te responder.
3º porque estou convicto que a Vereadora Regina,
estando atenta às expectativas dos munícipes, por
razões que se prendem com a ética governativa,
está impedida de te responder e de iniciar assim
debates semi-privados em blogues uma vez que
existem os meios e espaços próprios que a
democracia prevê para estes debates( assembleia
municipal, reuniões de participação, etc)
4º Porque acho que mereces resposta uma vez que
levantas preocupações que se prendem com a vida
da nossa cidade
5º Porque nos conhecemos há mais de 20 anos e há
20 anos discutimos ideologia e politica concreta,
e eu não quero perder esta oportunidade!!!

Sendo assim, e tal como dizia o Jack Estripador,
vamos por partes:

1ª questão
O PCP, o António Abreu e a capacidade de decisão
dos eleitos.
O PCP é um partido colectivista. Isto é, as
decisões tomadas pelo PCP são decisões pensadas e
ponderadas em colectivo. Nós comunistas somos
colectivistas porque estamos convictos que
várias cabeças pensam melhor do que uma. Mas não
assumas esta ideia numa simples lógica matemática
de de soma de neurónios. Acima de tudo, e
porque o marxismo prossegue com o pensamento de
Hegel, acreditamos que “o absoluto é mais do que
a soma das partes”. Na pratica, acreditamos que a
soma das experiências e do conhecimento de todos
os intervenientes num processo pode ser uma mais
valia na dialéctica que leva a uma decisão. O
responsável do colectivo toma a decisão baseada
nessa dialéctica. Independentemente do numero dos
elementos no colectivo, o responsável por esse
colectivo, enquanto comunista, assume na
totalidade a decisão tomada.
Venho para aqui com esta conversa de filosofias
para te dizer que não deves ficar apreensivo pelo
poder de decisão da vereadora. Mesmo que a
Vereadora Regina, conseguisse trazer o próprio
Fidel Castro (com a sua equipe de médicos
agregada) para trabalhar na câmara do Barreiro,
as suas decisões seriam sempre as suas decisões.
As decisões dos eleitos comunistas são tomadas
em função do interesse do barreiro e das
populações, visto que é esse o objectivo que
motiva a sua gestão.
Como disse um camarada meu “o melhor para o
Barreiro é por consequência o melhor para o PCP
porque só com uma gestão autárquica de
excelência valorizamos o trabalho dos eleitos
comunistas”.
Os comunistas eleitos partilham desta convicção.
Claro que no teu discurso está implícito uma
natural admiração pela personalidade, pelo
carisma e pela capacidade de influencia do
camarada António Abreu. Estamos de acordo nesse
ponto e fico contente de reconheceres essas
qualidades num politico comunista.

2ª questão
Atrasos nos pagamentos dos professores.
Estamos na base do diz que disse. Nem tu, nem eu
trabalhamos na Câmara Municipal do Barreiro por
isso a informação que nos chega é sempre através
de terceiros. Mesmo nessa base acho que vale a
pena conversar.
Então vamos lá:
Disseram-me que os atrasos nos pagamentos, se
devem a um problema conjuntural e que tem haver
com o sistema informático. Parece que houve um
reajustamento do software e em consequência disso
tem havido alguns atrasos no dia de pagamento.
Também já ouvi o boato que diz que este tipo de
problemas se devem a um certo boicote que
elementos ligados à antiga gestão autárquica e
organizados na célula dos trabalhadores
socialistas da autarquia estarão a fazer para
dificultar o trabalho da câmara. Não acredito
neste boato.
Acredito que na explicação do problema de
software.
Até porque os eleitos CDU, sabem que existe uma
oposição atenta e interveniente no Barreiro e que
tudo aquilo que correr menos bem pode ser usado
contra eles. Quanto a mim, ainda bem que existe
esta pressão pois melhora e estimula o desempenho
dos autarcas.
Agradavelmente surpreendido fiquei com a tua
preocupação em relação aos professores.
E digo agradavelmente, porque acredito que possa
ser uma tendência emergente dentro de alguns
sectores mais intervenientes do PS esta
preocupação com a classe docente tão mal tratada
pelo governo Sócrates nos últimos dois anos. Fico
sinceramente contente por perceber nos
socialistas o despontar destas preocupações em
antevejo já um recuo nas posições mais radicais
contra os professores que o governo do teu
partido tem tomado.

4º O nosso Praiense
Estamos por certo de acordo em que o edifício do
Praiense é um marco no património erigido da
nossa cidade.
Quando tu dizes que a câmara do Barreiro comprou
o Praiense, e estou a receber de ti a noticia,
não deixo de ficar satisfeito. Primeiro porque é
uma prova que a recuperação do Barreiro velho já
mexe, depois porque acho que é urgente a
recuperação do edifício do Praiense.
Estes são os factos.
Dizeres que esperas que não aconteça isto, aquilo
e aqueloutro, fazendo insinuações e projectando
ideias num futuro mais ou menos próximo,
parece-me não tem grande base de sustentação.
Objectivamente ao fazeres essas previsões,
estás, vais-me desculpar Pedro, a ser demagogo.
Vamos cingir-nos aos factos: o que aconteceu foi
a câmara tomar a iniciativa de proteger o
património, comprou o edifico, vai recupera-lo e
vai arranjar uma sede para o Praiense.
Se fosses vereador ou presidente da câmara, como
é que tu farias???

5ºA programação cultural
Dizes que a programação cultural é incerta
desfocada e a conta-gotas.
Estranho que o digas Pedro. Uma das ultimas vezes
que estivemos juntos foi no AMAC para assistir a
um espectáculo de opera. Depois da opera passaram
dois espectáculos de musica popular portuguesa,
duas representações teatrais, três orquestras
sinfónicas, um grupo de jazz filandes, dois
ateliers para crianças e inauguraram-se três
novas exposições. Estou a falar-te do espaço de
um mês e meio. Março é o mês do teatro e tens
espectáculos a acontecer por todo o concelho.
Não me parece incerta nem a conta gotas.
Desfocada, pode ser entendida na medida em que
claramente se tem apostado na diversidade dos
eventos para atingir públicos diferentes. Esta
tendência é uma opção de gestão com a qual tens o
direito de discordar.
De qualquer modo, e esperando a tua posta sobre a
programação da cultura, devo dizer-te que vejo
com muito agrado esta tua preocupação. Não que me
surpreendas, pois a nível pessoal sempre te
conheci um homem preocupado com as questões de
cultura. Vejo com agrado porque pode querer dizer
que os socialistas começam a preocupar-se com a
cultura. Caso isso esteja a acontecer pode ser
uma janela aberta de boas perspectivas para todos
nós, uma vez que no passado recente desta terra
recordamos todos uma lamentável gestão socialista
em que a cultura foi completamente menosprezada.
Ao um nível nacional o governo do PS estrangulou
completamente o ministério da cultura passando
para os privados a responsabilidade na produção
cultural. Talvez esta tua preocupação queira
dizer uma mudança de atitude do PS em relação à
cultura. Fico contente.


PS – Na tua posta, usas uma expressão que pode
dar origem a mal entendidos: “ A bela e o
mestre”. A meu ver é uma expressão que pode
induzir em erro. Pelo menos quem te não conhece.
Um leitor mais desatento ia pensar que partilhas
daquele preconceito retrógrado que associa as
mulheres bonitas a uma certa futilidade e mesmo à
ausência de inteligência.
Ambos sabemos que não foi isso que querias dizer,
pois para provar o contrário, nem sequer
precisamos de falar na vereadora Regina. Na tua
vida pessoal sempre conheci mulheres bonitas e
inteligentes, por isso sei que o preconceito não
é teu.

Abraço

Sostrova

Helder Miguel Menor

terça-feira, 13 de março de 2007

Carta aberta à Vereadora Regina Janeiro

Exma. Sra. Vereadora Regina Janeiro,

Perguntará Vossa Excelência que motivos tem este cidadão para se dirigir assim a si, através de uma carta aberta, e com alguma razão, pois é uma forma de intervenção pública muito mais directa que um simples artigo, identificando objectivamente o destinatário do escrito.

Pesei durante algum tempo as diversas formas de abordar os assuntos que hoje levo à sua atenção e decidi que não seria elegante da minha parte começar a criticar a sua acção como autarca antes de, previamente, a alertar para alguns assuntos que me preocupam e que me levarão a discordar frontalmente das suas decisões políticas se os casos em questão persistirem.

Conforme sabe, tenho por si alguma estima e admiração, o que me leva a dar-lhe o benefício da dúvida, presumindo que não terá ainda encontrado o tempo necessário para se debruçar sobre todos os aspectos da governação da imensa área que tem sob sua alçada na Câmara Municipal do Barreiro, este motivo, aliado ao facto de a minhas preocupações fundamentais serem o Barreiro e os Barreirenses, obrigam-me a moderar-me e a avisá-la de algumas coisas que estarão a correr menos bem, em vez de me lançar numa atitude de crítica destrutiva, apesar das nossas diferenças, acredito que ambos queremos o melhor para o Barreiro.

Em primeiro lugar, permita-me expressar a minha apreensão relativamente ao facto de lhe ter sido nomeado um secretário tão influente no seu partido como é o Engº. Abreu, que me deixa com dúvidas sobre a verdadeira extensão da sua capacidade de decidir sobre as áreas que lhe foram atribuídas pelo Sr. Presidente da Câmara. A inteligência e perspicácia que lhe pude adivinhar nas breves conversas que temos tido afasta de mim a ideia de que poderíamos estar perante o transporte para a edilidade do conceito do novel concurso “a Bela e o Mestre”, no entanto, os rumores que me têm chegado preocupam-me, pois têm-me levado a crer que a população barreirense teria eleito uma autarca que afinal de contas deve obediência não aos eleitores mas a um qualquer superior hierárquico dentro do seu partido, fazendo de testa de ferro para a governação por parte de outrem, que não terá sido eleito.

Em segundo lugar preocupam-me coisas triviais como os atrasos nos pagamentos aos professores que leccionam as actividades de enriquecimento cultural no 1º Ciclo das nossas escolas, e a preocupação é ainda mais séria porque me dizem que o Ministério da Educação transferiu a tempo e horas a verba que teria permitido o pagamento atempado aos professores de música, actividades desportivas, teatro e artes plásticas das nossas escolas primárias. Mas, Sra. Vereadora, neste capítulo, outro aspecto me preocupa ainda mais, é que os professores parece que não são todos iguais e parece que há uns que estão contratados directamente pela Câmara, dizem que são os de Inglês, e há outros que são subcontratados através de associações sócio-profissionais ou culturais. Neste aspecto parece ainda que há uma actividade no pré-escolar que é a da patinagem, que me dizem, não sei se é verdade, que é custeada pelos pais das crianças que a frequentam e cujos professores também não viram o seu ganha-pão a tempo e horas.

Não me desviando do assunto, aproveito para lhe pedir que faça chegar ao Sr. Presidente da Câmara, com o qual presumo que reúna frequentemente, a minha estranheza relativa ao facto de, pela primeira vez em trinta anos, os funcionários da Câmara Municipal do Barreiro não terem todos visto o seu ordenado pago a tempo e horas.

Sei que esta carta já vai longa, pelo que vou tentar abreviar ainda mais a minha exposição. Dizem-me que a Câmara Municipal terá adquirido recentemente o imóvel onde tem funcionado o “Praiense”, o antigo Café Barreiro, e que pretende remover este histórico clube da nossa cidade para um espaço menos digno da sua história. Não conseguindo antever qual o destino que pretendem dar a esse espaço e prevendo tentações de trocar uma colectividade viva por mais um museu de coisas mortas que ainda por cima pode vir, à semelhança de outros espaços da nossa cidade, a não ter um horário que seja compatível com a disponibilidade dos utentes. Também me incomoda pensar que se pode dali tirar o “Praiense” para depois se dar, no mesmo espaço, uma concessão para que alguém possa explorar o bar do não-sei-o-quê que lá vai ficar, à laia de pirataria da única fonte de recursos daquela associação. Como presumo que partilha as minhas preocupações neste capítulo, dormirei descansado por pensar que o “Praiense” não vai mudar de sede.

Tenho muito mais preocupações para partilhar consigo, particularmente no que diz respeito ao conceito que está a ser aplicado na programação cultural na nossa cidade, que parece incerta, desfocada e a conta-gotas, mas esse assunto, deixarei para um outro dia, pois é um tema que já não caberia aqui. Não deixarei ainda de estar atento à regulamentação dos apoios ao movimento associativo que penso já estar em marcha e que acredito ser o instrumento essencial para o estabelecimento de uma estratégia integrada para o movimento associativo no Barreiro, observarei até que ponto Vossa Excelência saberá tomar partido dele em favor de todos os barreirenses. Peço-lhe que não sofra as tentações do passado de dar a uns para tirar aos outros.

Penso que para uma primeira carta, já é suficiente, espero não ter abusado da sua paciência.

Despeço-me com os protestos de elevada estima e consideração,

Pedro Estadão