quarta-feira, 15 de agosto de 2007

I LOVE THE MARQUIS STREET MARKET


A minha actividade preferida é, sem sombra de dúvida, viajar pelo mundo. Já visitei uma conta de Países, cidades e aldeias em quatro continentes e tenho uma teoria: A qualidade de vida e o avanço civilizacional de um povo pode ser avaliada pelos seus mercados. Tive companheiros de viagem com fixação em visitar museus, outros em igrejas e outros em praias, mas, para mim, não há viagem completa sem visitar um souk, que é como os nossos vizinhos islâmicos chamam aos seus mercados de rua. Não deixei de visitar Templos Budistas, Catedrais, Mesquitas e Sinagogas, mas o que me ficou sempre na retina foram as cores e o movimento das pessoas nos mercados de levante. Nos mercados que visitei em todas as minhas viagens pude observar o verdadeiro pulsar dos povos que lá habitavam, foi sempre nos mercados de rua que encontrei o “país real”.

De Londres trouxe uma camisola com a orgulhosa inscrição: I LOVE PORTOBELLO ROAD. Trouxe também de lá a convicção de que era uma coisa daquelas que nos faltava. Mas não passei daí. Uma noite destas encontrei na rua o Cabós Gonçalves que relatava, com o entusiasmo que lhe é reconhecido, a sua ideia para a Rua Marquês de Pombal e a sua intenção de a apresentar na Assembleia Municipal do Barreiro como uma iniciativa de cidadania. Não foi o seu entusiasmo que me contagiou, a verdade é que já tinha enraizada em mim a ideia de que era daquilo que precisávamos. Tornei-me instantaneamente um faccioso do Mercado de Rua Marquês de Pombal.

Passei a fazer publicidade à ideia onde quer que me encontrasse, e passei a deparar-me com toda a espécie de questões e dúvidas, felizmente pude encontrar a resposta a todas elas no blogue que o Cabós criou para promover a sua ideia, o www.mercadomarquezdepombal.blogspot.com, e hoje sou um verdadeiro crente de que a implementação e o desenvolvimento desta ideia é urgente e inevitável.

Se é verdade que a extinção do mercado de levante na Verderena não vai encontrar uma resposta imediata e completa na ideia proposta para a Rua Marquês de Pombal, também é verdade que o tipo de mercado de rua que se propõe constitui uma mudança de paradigma, e nós sabemos que as pessoas levantam todo o tipo de dúvidas e questões sempre que se trata de mudar seja o que for. A questão é que este é o novo paradigma que precisamos e que podemos pôr em prática já hoje e deixá-lo evoluir. O actual mercado de rua é mais parecido com os bazares do Norte de África e do Médio Oriente que com os mercados de rua modulares do Norte da Europa e esta é uma evidência com a qual nos devemos confrontar. Actualmente, as regras de higiene e segurança alimentar e as normas comunitárias que o nosso país implementou não são compatíveis com a continuidade da existência de mercados do tipo do da Verderena, e isso leva-nos a uma situação paradoxal: ou evoluímos ou acabamos com o mercado. Em meu ver, a solução para a evolução passa pela implementação da proposta que o Cabós fez na Assembleia Municipal.

É necessário que o mercado ganhe condições de vária ordem, desde as de higiene e segurança, às condições de trabalho para os feirantes, passando pelo conforto dos visitantes e pela facilidade de verificação de uma série de parâmetros pelas autoridades de saúde pública e policiais, a proposta do Mercado de Rua Marquês de Pombal vai ao encontro de todas estas questões e resolve-as superiormente. A visão de que a implementação da ideia pode ser gradual e tem muito caminho para andar é certeira, parece-me que os Barreirenses não vão perdoar a quem falte a visão política para colocar a ideia em marcha. É fácil, é barato e dá milhões.

Fazendo uma rápida análise das consequências podemos afirmar que a realização do Mercado de Rua Marquês de Pombal nos moldes propostos pelo Cabós Gonçalves iria permitir um número de coisas: primeiro, serviria o propósito de revitalizar o Barreiro Velho; segundo, criaria uma solução, ainda que parcial para o problema dos vendedores do mercado da Verderena; terceiro, criaria no Barreiro um mercado de rua com marca e com elevado potencial turístico; quarto, proporcionaria, em conjunto com o Fórum Barreiro a criação de uma extensa área comercial e de desenvolvimento económico na extensão que separa os dois pólos e que passaria a ser certamente frequentada por um denso trânsito pedonal, pelo menos dois dias por semana; por último, mas não menos importante, poderia ser um instrumento para colocar na nossa cidade um mercado de produtos regionais de uma área que vai de Alcácer do Sal a Alcochete com vértice no Barreiro. Uma ideia destas não pode ser desprezável.

O Mercado de Rua Marquês de Pombal, para mim, faz parte do Barreiro do futuro e pode ser uma âncora do desenvolvimento que queremos para a nossa terra, é por isso que apoio esta proposta do António Cabós Gonçalves incondicionalmente, e farei tudo o que estiver ao meu alcance para promover esta ideia que me parece sólida, séria, e bem estruturada.

O futuro começa hoje. Só falta a vontade política para pôr as coisas a andar. Gostava de poder, um dia destes, dar os parabéns a um Presidente da Câmara Municipal do Barreiro por pôr em prática esta ideia, e gostava de me poder gabar de um dia, ao sair de um avião em qualquer parte do mundo, ver um estrangeiro qualquer com uma t-shirt a dizer “I LOVE THE MARQUIS STREET MARKET”.

P.S.: Este artigo estava guardado há uma quinzena e prometido a mais de uma dezena de amigos, segue hoje por finalmente ter resolvido o meu problema de acesso à Internet que me afastou da vossa companhia por mais de um mês.

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