segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Carta aberta aos militantes do Partido Socialista do Barreiro

Caros camaradas,

Conforme tomaram conhecimento, apresentei publicamente, há cerca de um mês, a minha vontade de concorrer à Presidência da Comissão Política Concelhia. O cenário era então de três candidaturas, a do Miguel Matos, a do Amílcar Romano e a minha. Neste momento, a situação alterou-se. Tendo surgido mais duas candidaturas que englobam camaradas que no cenário anterior seriam meus apoiantes, reflecti sobre as vantagens e desvantagens de manter uma candidatura neste momento. Decidi, após longa reflexão abandonar o meu projecto de candidatura a estas eleições.

Por consideração com o elevado número de pessoas que me manifestaram o seu apoio, explicarei aqui as razões que me levaram a tomar esta decisão e as acções que decidi tomar em seguida.

Em primeiro lugar, a razão que foi mais pesada na decisão foi a da unidade do Partido. Considerei e considero que a minha candidatura iria lançar uns contra outros, camaradas que sempre se enquadraram nos mesmos projectos políticos e que ao longo da última década têm estado juntos nas batalhas que travámos, com lealdade, seriedade, honestidade e um grande sentido de pertença a um grupo que tem um projecto positivo para a nossa terra. São várias as pessoas que estão envolvidas nestas duas novas candidaturas com quem sempre partilhei objectivos e com quem sempre tive a melhor das relações pessoais e políticas, não escondo que enfrentei um dilema moral ao considerar que passaria a estar num projecto diferente de algumas das pessoas de quem mais gosto e que considero terem mais valor no Partido Socialista. Pondo o interesse do Partido e do Barreiro à frente do meu próprio interesse, decidi que não contribuiria para mais uma fractura na nossa estrutura partidária.

Os quatro objectivos que coloquei como tónica da minha campanha, renovação, rejuvenescimento, união do Partido Socialista no Barreiro, e a devolução às bases da capacidade de decisão entraram então em jogo na minha decisão. Tomei por isso a iniciativa de avaliar qual destes novos candidatos garantiria de forma mais efectiva estas minhas pretensões. Não tive qualquer problema em escolher entre os camaradas Isidro Heitor e Pedro Mateus, e coloquei-me à disposição do primeiro para o apoiar e reforçar a sua lista de apoiantes, entre os quais, devo acrescentar, se encontram algumas das pessoas com quem mais me identifico em termos políticos e pessoais.

Não tomei esta decisão de ânimo leve nem sem antes partilhar esta reflexão com o grupo de trabalho que me tem acompanhado. A decisão sobre o caminho a tomar foi unânime e a proximidade entre nós e as pessoas que indicaram o Isidro Heitor permitiu que transformássemos esta minha decisão num primeiro passo para a união de esforços no apoio à candidatura do Isidro Heitor. Assim, é com satisfação que vejo as pessoas que me apoiaram a apoiar agora o camarada Isidro e a integrar a sua lista para a Comissão Política Concelhia.
Renovação, rejuvenescimento, união, lealdade, seriedade e honestidade. Bato-me por valores e por isso apoiarei o camarada Isidro Heitor, sem reservas, até ao limite das minhas forças, sem ter qualquer lugar em listas, pois não corro por lugares, corro por ideias e por projectos. Por um Barreiro mais solidário, mais próspero e com futuro, continuarão a contar comigo para trabalhar, mesmo sem correr por cargos.

Foi de consciência tranquila que decidi apoiar o Isidro Heitor em lugar do Pedro Mateus, que para mim representa apenas o projecto de poder pessoal do actual Presidente, Luís Ferreira, que nada fez para conseguir a unificação do Partido e ainda excluiu todos os que não se enquadravam no conceito de poder ideal e absoluto que persegue. A candidatura de Pedro Mateus à Comissão Política Concelhia é um logro que não serve para nada mais que catapultar Luís Ferreira para uma candidatura à Distrital de Setúbal do Partido Socialista. É um projecto de um pequeno grupo que apenas trabalha com o objectivo de comer mais e mais poder sem se preocupar com a terra queimada que deixam em volta, descartando todos os outros à medida que deixam de ser necessários. Tenho muito medo de projectos que entram em escaladas de ambição sem limites na busca de pouco mais que uns lugares bem remunerados em sítios como Setúbal e Lisboa.

Pesando estes factores na minha consciência e o facto de o Pedro Mateus andar a vender a continuação do projecto em que acreditei há dois anos atrás, e em que ainda acredito, como dele, enganando os incautos que não cuidaram de se informar onde andavam as pessoas que consubstanciaram o projecto e não perceberam que a maior parte das pessoas que puseram o projecto em marcha estão noutros lados que não no do Pedro Mateus, concluí que não poderia nunca, apoiá-lo. Por outro lado, o Isidro Heitor é a pessoa que reúne em torno de si as personalidades mais significativas do Partido Socialista no Barreiro, e as pessoas que mais têm dado de si na política, a esta terra. Na minha perspectiva pessoal, são pessoas com quem tenho tido uma relação excepcional, pelo que me agrada muito poder apoiá-las nestas eleições.

Termino com a expressão da minha gratidão a todos os que se dispuseram a apoiar-me e com a certeza de que ainda travaremos muitas batalhas em conjunto, pois, como diz o adágio popular, “há mais marés que marinheiros”, e o mundo não acaba amanhã.
Agora, vamos todos apoiar o Isidro Heitor.

Barreiro, 11 de Fevereiro de 2008

Pedro Estadão

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