O meu camarada e amigo Isaurindo Abegão enviou-me um poema de sua autoria que não resisto a publicar. Uma pérola que é uma semente para o pensamento da nossa forma de estar na vida.
Na Cidade da Matança
De ferro e aço, frio e mudo,
Forja um coração, ó homem – e vem!
Vamos à cidade da matança:
E olha com teus próprios olhos,
E toca com tuas próprias mãos
Nas paredes, nas portas, nos postes, nos muros
Em todas as madeiras, nas pedras das ruas,
As manchas de sangue, negras e secas
Com as entranhas de teus irmãos
E erra entre ruínas
Entre paredes destruídas e portas retorcidas,
Entre meias chaminés e fornos destruídos
Através de nuas pedras negras, de tijolos calcinados,
Onde, ontem, o fogo e a acha executaram,
Na boda de sangue, um bailado de fúria;
E arrasta-se através de sótãos, de tetos furados,
E enfia o teu olhar em todos os escuros buracos:
São negras as feridas abertas e mudas,
Que não mais esperam remédio no mundo
Isaurindo Abegão
12.01.2007
quarta-feira, 18 de julho de 2007
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