sábado, 17 de março de 2007

Olha que não Sostrova, olha que não!

Fazer política em verso
Não é grande novidade
É um pensamento disperso
Outro com grande acuidade

Rei das trovas é o Barroso
De quem minha mãe é prima
Chega quase a ser criminoso
Desafiar-me p’ra uma rima

Fizeste-me uma trova
Respondo-te com umas quadras
Ó meu amigo Sostrova
A ver se te desagradas

Foste à bruxa da moda
E falaste com o Cunhal
Digo-te não me incomoda
Ser amigo do Juvenal

Vens com histórias da carochinha
Que p’ra mim não valem nada
Não vou à vossa festinha
Nem que ofereças a entrada

Dizes que a tua vereadora
Afinal ficou contente
Por estar aqui e agora
Na mira da minha gente

Sei que ficou magoada
P’la minha forma de expressão
Foi uma coisa de nada
Sem a menor intenção

Ao contrário do normal
Até fui muito delicado
Não foi nada pessoal
O objectivo atacado

Gosto de ser diferente
Não acredito em batotas
Eu digo pela frente
O que outros dizem nas costas

É nova como figura pública
Caiu no centro das atenções
Se continua a ser pudica
Vai ser ovelha entre leões

Tem que saber distinguir
O político do pessoal
Ás vezes tem que sorrir
E não levar a mal

Dizes recente a memória
Dos edis socialistas
Pergunto: então e a história
Das décadas comunistas?

Farinha do mesmo saco
Diz o povo com razão
Mas tem sempre um fraco
Pela última geração

Esta idade é a nossa
Não nos falte a coragem
Pode ser que a gente possa
Mudar p’ra boa a imagem

Temos que assumir
Muita responsabilidade
Não podemos fugir
À luta pela verdade

A nossa geração
Tem muito que fazer:
Acabar com a corrupção
E distribuir o poder

Por isso não acredito
No que dizes sem pensar
Baseado num mito
Em que queres acreditar

Dizes que és de aço e tijolo
Que não vos derrubo a falar
Mesmo que passe por tolo
Não deixarei de tentar

Sei que não tenho maneira
De te levar à razão
Mas aquilo que me cheira
É que vamos ganhar a eleição

Dizes que constróis o futuro
Com paredes de pedra e cal
Vou derrubar o teu muro
A escrever mesmo que mal

É que eu não vou em cantigas
Nem me assusto com pouco
Não tenho medo de brigas
Falarei até ficar rouco

Não preciso de reunir
Antes de te responder
Pois sei que estou a seguir
A via que deve ser

Diz-me onde está a sondagem
Que vos indica a crescer
Digo-te que isso é bobagem
Já nem na China há de ser

É que os comunas amarelos
Já têm coisas privadas
E ainda havemos de vê-los
Ao Mao de costas voltadas

Hoje acabaram-se os temas
Querias lixar o Estadão
Com meia dúzia de poemas?
Olha que não Sostrova, olha que não!

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