Fazer política em verso
Não é grande novidade
É um pensamento disperso
Outro com grande acuidade
Rei das trovas é o Barroso
De quem minha mãe é prima
Chega quase a ser criminoso
Desafiar-me p’ra uma rima
Fizeste-me uma trova
Respondo-te com umas quadras
Ó meu amigo Sostrova
A ver se te desagradas
Foste à bruxa da moda
E falaste com o Cunhal
Digo-te não me incomoda
Ser amigo do Juvenal
Vens com histórias da carochinha
Que p’ra mim não valem nada
Não vou à vossa festinha
Nem que ofereças a entrada
Dizes que a tua vereadora
Afinal ficou contente
Por estar aqui e agora
Na mira da minha gente
Sei que ficou magoada
P’la minha forma de expressão
Foi uma coisa de nada
Sem a menor intenção
Ao contrário do normal
Até fui muito delicado
Não foi nada pessoal
O objectivo atacado
Gosto de ser diferente
Não acredito em batotas
Eu digo pela frente
O que outros dizem nas costas
É nova como figura pública
Caiu no centro das atenções
Se continua a ser pudica
Vai ser ovelha entre leões
Tem que saber distinguir
O político do pessoal
Ás vezes tem que sorrir
E não levar a mal
Dizes recente a memória
Dos edis socialistas
Pergunto: então e a história
Das décadas comunistas?
Farinha do mesmo saco
Diz o povo com razão
Mas tem sempre um fraco
Pela última geração
Esta idade é a nossa
Não nos falte a coragem
Pode ser que a gente possa
Mudar p’ra boa a imagem
Temos que assumir
Muita responsabilidade
Não podemos fugir
À luta pela verdade
A nossa geração
Tem muito que fazer:
Acabar com a corrupção
E distribuir o poder
Por isso não acredito
No que dizes sem pensar
Baseado num mito
Em que queres acreditar
Dizes que és de aço e tijolo
Que não vos derrubo a falar
Mesmo que passe por tolo
Não deixarei de tentar
Sei que não tenho maneira
De te levar à razão
Mas aquilo que me cheira
É que vamos ganhar a eleição
Dizes que constróis o futuro
Com paredes de pedra e cal
Vou derrubar o teu muro
A escrever mesmo que mal
É que eu não vou em cantigas
Nem me assusto com pouco
Não tenho medo de brigas
Falarei até ficar rouco
Não preciso de reunir
Antes de te responder
Pois sei que estou a seguir
A via que deve ser
Diz-me onde está a sondagem
Que vos indica a crescer
Digo-te que isso é bobagem
Já nem na China há de ser
É que os comunas amarelos
Já têm coisas privadas
E ainda havemos de vê-los
Ao Mao de costas voltadas
Hoje acabaram-se os temas
Querias lixar o Estadão
Com meia dúzia de poemas?
Olha que não Sostrova, olha que não!
sábado, 17 de março de 2007
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